Investidores reagem à melhora de Dilma nas pesquisas; Petrobras recua mais de 9%. Cenário externo também influencia
SÃO PAULO - Os investidores reagem de forma negativa à maior possibilidade de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), o que faz com que o dólar suba e a Bolsa despenque. Junta a isso, o cenário internacional apresenta deterioração, o que contribui para a valorização da moeda americana nas economias emergentes. Às 12h15, o Ibovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro, operava em queda de 3,94%, aos 54.958 pontos - na mínima chegou aos 54.124 pontos. Já o dólar comercial registrava alta de 1,28%, a R$ 2,4450 na compra e a R$ 2,4470 na venda, esse é o maior patamar desde o fim de 2008 - em 9 de dezembro, a moeda americana fechou a R$ 2,471. Na máxima, a divisa já atingiu R$ 2,48 no início dos negócios, mas na sequência apresentou um leve recuo.
"O mercado hoje reflete o quadro eleitoral. Quando a Dilma sobe, a Bolsa desmonta e o câmbio sobe firme", afirmou João Medeiros, diretor da Pionner Corretora de Câmbio.
Em geral, a maior parte do mercado financeiro é contrário à reeleição de Dilma, por entender que o seu governo é muito intervencionista e que a vitória da oposição poderia ser favorável a medidas que visem o crescimento da economia.
Na avaliação do sócio-diretor da Tática Asset Management, Ernesto Rahmani, esse movimento já era esperado e reflete a última pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira à noite, que mostrou o aumento da vantagem de Dilma sobre a candidata Marina Silva (PSB) nas intenções de voto para o segundo turno e também uma melhora no levantamento que avaliou o segundo turno.
"Aparentemente o mercado está desembarcando do cenário de uma vitória de Marina Silva. Além do cenário eleitoral, o ambiente internacional está menos favorável. Há um movimento global de fortalecimento do dólar, mas aqui é mais intenso por causa das eleições", disse.
Segundo dados compilados pela Bloomberg, o real é a moeda que apresenta a maior desvalorização frente ao dólar. No entanto, de uma cesta com 24 moedas de países emergentes, apenas seis tem vantagem em relação ao dólar. O esperado aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e o fraco crescimento da economia Europeia contribuem para esse cenário.
Rahmani lembrou ainda que, além do cenário de valorização do dólar, há outras incertezas, como os protestos em Hong Kong por maior democracia, o que gerou enfrentamentos com a polícia.