Christiano Guimarães, consultor em segurança da informação, palestrante e autor do livro “LGPD na Prática: Como Adequar sua Empresa a Lei Geral de Proteção de Dados”
Christiano Guimarães, consultor em segurança da informação, palestrante e autor do livro “LGPD na Prática: Como Adequar sua Empresa a Lei Geral de Proteção de Dados” (Foto: Arquivo Pessoal)
Nos últimos anos, a proteção de dados deixou de ser um tema restrito a especialistas em tecnologia para se tornar pauta obrigatória em todo o país. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), criada em 2018 e em vigor desde 2020, trouxe novas responsabilidades para empresas privadas, órgãos públicos e até pequenos negócios. O objetivo é um só: garantir que os dados pessoais dos cidadãos sejam tratados de forma transparente e segura.
O cenário nacional mostra que as punições não são apenas teóricas. Recentemente, a rede varejista Havan foi notificada pela ANPD por descumprimento da lei, e farmácias do Rio de Janeiro sofreram sanções após fiscalização do PROCON RJ que ultrapassaram R$ 1 milhão por uso indevido de dados de clientes em programas de fidelidade. Esses episódios acenderam um alerta: qualquer organização, independentemente do porte, está sujeita a penalidades.
Para falar sobre o tema, o jornal
A Cidade conversou com Christiano Guimarães, consultor em segurança da informação, palestrante e autor do livro “LGPD na Prática: Como Adequar sua Empresa a Lei Geral de Proteção de Dados”. Com atuação em diversas áreas – da saúde à advocacia, passando por órgãos públicos – ele tem ajudado empresas e entidades a compreenderem como a LGPD impacta o dia a dia e pode, inclusive, se transformar em diferencial competitivo.
A Cidade – Christiano, por que a LGPD se tornou um assunto tão urgente para empresas e também para entidades públicas?
Christiano Guimarães – Porque o Brasil passou a tratar o dado pessoal como um bem precioso. Antes, era comum entregar CPF na farmácia sem saber para quê, ou assinar contratos sem questionar como as informações seriam usadas. Hoje, cada empresa precisa justificar por que coleta, como guarda e com quem compartilha. E quando falamos de órgãos públicos, a responsabilidade é ainda maior, porque lidam com dados extremamente sensíveis da população.
A Cidade– Os casos recentes da Havan e das farmácias do Rio geraram muita repercussão. O que essas situações nos ensinam?
Christiano Guimarães – Eles mostram duas coisas. Primeiro, que a fiscalização existe e que não somente a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), mas também outros órgãos como o PROCON estão atentos. Segundo, que não existe empresa “grande demais” ou “pequena demais” para escapar. A farmácia de bairro pode sofrer um processo tanto quanto uma rede nacional. O risco não vem só de multa aplicada por órgãos fiscalizadores; hoje existem advogados especializados em acionar empresas por falhas no tratamento de dados. Muitas vezes, a indenização é de R$ 5 a R$ 10 mil por cliente, e isso pode virar uma bola de neve.
A Cidade – E onde entra o seu trabalho nesse cenário?
Christiano Guimarães – Meu papel é traduzir essa lei para a realidade de cada cliente. Não adianta entregar um manual cheio de termos técnicos e achar que a empresa vai conseguir se adequar. Eu mostro o caminho prático, desde um pequeno consultório até um hospital, passando por escritórios de advocacia, cartórios e prefeituras. Além disso, através de palestras e treinamentos, preparo equipes para que elas entendam o que significa tratar dados de forma correta.
A Cidade – No seu livro, você fala bastante em “adequação na prática”. O que isso significa na rotina de uma empresa?
Christiano Guimarães – Significa ir além do papel. Por exemplo: se uma escola coleta dados de alunos, ela precisa ter clareza de quais informações são realmente necessárias, quem tem acesso e por quanto tempo ficam armazenadas. Se uma clínica médica tem prontuários, precisa garantir controle de acesso, registro de logins e política de descarte. Adequação prática é olhar para o dia a dia e corrigir os pontos críticos.
A Cidade– Existe ainda muito desconhecimento entre empresários?
Christiano Guimarães – Sim, e é aí que mora o perigo. Muitos acreditam que “nunca vai acontecer comigo”. Mas basta um cliente insatisfeito, um vazamento, uma denúncia para expor a empresa ou uma ação de um órgão como o PROCON. E no setor público, a cobrança é ainda maior, porque envolve transparência e respeito ao cidadão.
A Cidade – Para quem está lendo esta entrevista e se perguntando: “por onde eu começo?”, qual seria o primeiro passo?
Christiano Guimarães – O primeiro passo é mapear os dados. Entender que tipo de informação a empresa coleta, onde guarda e quem acessa. Depois disso, criar políticas claras de uso e investir em conscientização da equipe. Sem isso, qualquer tecnologia será apenas maquiagem. E para quem deseja se aprofundar, estamos sempre compartilhando dicas práticas nas nossas redes sociais: Instagram @chris_guimaraes, Facebook (CPG Consultoria) e LinkedIn (Christiano Guimarães). Qualquer dúvida pode ser levada por lá também — dentro do possível, sempre ajudamos.
A Cidade – E como adquirir o seu livro ou conhecer seu trabalho mais de perto?
Christiano Guimarães – O livro “LGPD na Prática: Como Adequar sua Empresa a Lei Geral de Proteção de Dados” tanto nas versões digitais, quanto física estão disponíveis na Amazon, basta buscar pelo nome. Também pode ser adquirido diretamente pelo site da minha consultoria(www.cpgconsultoria.com.br) e pelo meu Instagram @chris_guimaraes. Além disso, em breve teremos noites de autógrafos em Votuporanga e São José do Rio Preto, o que será uma oportunidade de trocar experiências diretamente com empresários, gestores públicos e profissionais interessados no tema.