Grazi Cavenaghi (Foto: Divulgação)
Princípio 4: “Seja humano. Acolha com alegria as suas luzes e sombras.”
Seja incrivelmente bem-vindo ao nosso encontro semanal. Estamos quase encerrando 2025 e, para mergulharmos com profundidade neste momento, convido você a responder: qual é a sua intenção para o agora? Quando definimos a intenção, trazemos presença e criamos um espaço interno para compreender o que vivemos e nos abrirmos ao novo ciclo que se aproxima e às suas infinitas possibilidades.
Você já percebeu como a vida real nos desafia diariamente e nos convida ao nosso pior? Todos os dias despertamos divididos entre o que queremos ser e o que conseguimos ser. E aqui entra algo essencial para o nosso tempo. Vivemos uma era de aceleração extrema, marcada pela inteligência artificial, pela velocidade e por uma lógica que tenta comparar a nossa humanidade ao desempenho de máquinas. A produtividade pode ser auxiliada por sistemas inteligentes, mas o sentido, a intuição, a sensibilidade e a liderança com alma pertencem ao humano. É isso que afirmo diariamente nas empresas: a liderança do futuro é humana. É a alma da liderança que transforma cultura, desperta propósito, cria conexões reais e resultados saudáveis.
O momento coletivo pede aceleração e perfeição, mas a vida pede humanidade. Para atravessar esse paradoxo com sabedoria, é fundamental deixar para o humano o que é humano. É estarmos inteiros, conscientes de que somos seres perfeitamente imperfeitos, únicos e o Uno ao mesmo tempo.
Dessa reflexão e da minha observação diária de líderes e famílias empresárias nasceu o quarto princípio da InspireAção. Percebi que os mais felizes e realizados não são os perfeitos, mas os que se aceitam como são, inteiros, verdadeiros, humanos. A proposta permanece simples e profunda: aplicar este princípio no seu maior laboratório, a sua vida e o seu negócio.
Hoje refletimos sobre o princípio: “Seja humano. Acolha com alegria as suas luzes e sombras.” Mas o que significa ser humano? Para mim, ser humano significa ser inteiro, completo, verdadeiro na sua natureza. Significa acessar nosso potencial de realização e viver com sentido. Somos os únicos capazes de apreciar a beleza, acessar a profundidade da existência e trazer significado ao que vivemos. A vida tenta nos dispersar e nos empurrar para escolhas que excluem: luz ou sombra, amor ou medo. Isso não existe. Quando acreditamos na lógica do ou, esquecemos que somos o e: únicos e o Uno. A humanidade está em sair da era do ou, que divide e adoece, e entrar na era do e, que integra, aceita e traz saúde.
Afirmo que o maior luxo atual é trabalharmos a nossa humanidade. E ela se revela quando conhecemos nossas forças e fragilidades, nossas luzes e sombras. Quando olhamos para dentro, compreendemos que não existe a possibilidade de sermos apenas bons. Temos virtudes e paixões. Erramos, sim.
Os Padres do Deserto buscaram descobrir como ser somente bons e concluíram que isso não é possível. Todos temos movimentos que nos tiram do centro: ira, orgulho, vaidade, inveja, gula, medo, avareza, luxúria e preguiça. Evágrio Pôntico ensinou que a maturidade surge quando reconhecemos esses movimentos e damos nome às nossas sombras. A palavra pecar vem do grego hamartia, que significa errar o alvo. Erramos o alvo diariamente. E só enxergamos o erro quando iluminamos as sombras, quando acolhemos o que sentimos e aprendemos a dominá-lo.
Para ilustrar, compartilho duas histórias do padre Domingos Cunha. A primeira é a de São Jorge. Diante do dragão, ele lutou e venceu. No dia seguinte, outro dragão surgiu. Lutou e venceu novamente. E assim por toda a vida. Há versões antigas que dizem que sua lança marcou até mesmo a lua, como lembrete eterno de uma batalha sem fim. A metáfora é clara: quando lutamos contra nossas sombras, elas retornam. Quando travamos guerra contra nós mesmos, prolongamos o que gostaríamos de resolver.
A segunda história é a de Santa Marta. Ao encontrar um dragão, símbolo do que a tirava do centro, ela não combateu. Aproximou-se. Acolheu. Tocou. Domesticou o dragão. Depois disso, ele passou a caminhar ao seu lado como guardião. Aquilo que antes atrapalhava tornou-se força. A sombra, quando ganha nome, transforma-se. O medo, quando reconhecido, orienta.
Lembre-se: tudo o que recebe atenção se expande. Resistir fortalece a sombra. Acolher ilumina. Jung disse: aquilo que resiste persiste. E é por isso que não existe a possibilidade de excluirmos partes da nossa história ou da nossa alma. A vida pede inteireza. Inteireza é reconhecer que nada nos falta, que já temos tudo. E é somente quando aceitamos que transformamos.
E como nosso foco é progredir, vamos juntos?
Nesta semana, ligue o botão da percepção e perceba suas sombras. Observe o que tira você do seu caminho, dê nome ao que enxergar e acolha. Quando você faz isso, traz luz.
E quando você ilumina suas sombras, expande seu potencial de ser você mesmo, de realizar e de viver com mais saúde, felicidade e resultados.
Portanto, seja humano. Acolha com alegria as suas luzes e sombras.
Seja inteiro, por um eu melhor, as pessoas à nossa volta melhores, um mundo melhor.
Vamos juntos?
Porque juntos somos +.