Projeto que prevê proibição das palmadas em crianças tramita no Congresso Nacional
Da Redação
Impor limites não é tarefa fácil para pai algum. Muitos têm medo de perder o amor dos filhos por serem severos demais. Porém, a autoridade na medida certa é indispensável para educar, criar consciência e, consequentemente, começar a construir o caráter das crianças. O importante é não confundir “criar regras” com “impor vontades”. E é possível fazer isso tudo sem bater.
A psicóloga clinica Inayara Valério sugere que os pais repensem suas maneiras de educar. "Bater, usar a força física para ensinar algo às crianças pode gerar medo, ansiedade e sofrimento nos filhos. Muitas vezes a palmada é dada em um momento de estresse dos pais, que acabam descontando seu nervoso nos filhos sem pensar", diz. Inayara defende que o diálogo é a melhor maneira para educar crianças conscientes e sem traumas. Segundo ela, a criança precisa saber o motivo pelo qual está sendo reprimida, uma boa conversa cabe em qualquer situação e quantas vezes for necessário. "Mesmo que o resultado não seja instantâneo, é preciso insisitir no diálogo, pois a criança ou adolescente vai absorvendo aquela informação aos poucos".
A psicóloga diz, que um dos principais problemas que vê nas relações pais e filhos é a falta de tempo dos pais. "Vivemos hoje, uma nova organização familiar. Na maioria dos lares o pai e mãe trabalham e "tercerizam" a educação do filho para um babá ou secretária do lar. Isso pode gerar uma série de problemas nas crianças. Os filhos necessitam de carinho, atenção, participação, desde os primeiros dias de vida", alerta.
"Acabamos vivenciando um círculo vicioso — pais sem tempo e estressados, filhos mal educados e revoltados e tudo isso passado de uma geração para a outra", explica.
Adela Stoppel de Gueller, psicóloga e coordenadora do setor de Clínica e Pesquisa do Departamento de Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientae, chama atenção para o fato de que os pais são, inicialmente, a referência mais importante de autoridade de uma criança – e não devem se esquecer disso nem quando são enfrentados pelos filhos. “À medida em que as crianças crescem e vão ganhando autonomia, elas questionam a autoridade parental e as leis da sociedade. Nesse momento, é importante que os pais mostrem aos filhos que a autoridade que eles detêm não é arbitrária, que não é um capricho”, recomenda.
"As crianças são muito inteligentes e espertas, conseguem absorver informações desde muito pequenas. É preciso dar às crianças noções do que é certo e errado, e ela, como ser humano aprenderá isso se alguém a ensinar, e não com força física. É melhor construir uma casa do que reformar, ou seja, ajude seu filho a construir um vida sem medos desde os primeiros dias de vida", explica. (Colaborou Cibeli Moretti).