Irineu Vieira Andrade foi denunciado pelo Ministério Público por participar de seis roubos
Jociano Garofolo
garofolo@acidadedevotuporanga.com.be
O único integrante da quadrilha do desmanche de caminhões, que foi preso durante
ação da Polícia Militar que estourou a base de operações que funcionava no bairro São Cosme, em Votuporanga, em junho deste ano, foi denunciado pelo Ministério Público por participação em seis roubos triplamente qualificados e fazer parte de quadrilha armada.
A denúncia foi apresentada no mês passado pelo promotor Eduardo Martins Boiatti, contra o eletricista automotivo Irineu Viana Andrade, de 44 anos, morador em São Paulo. O documento indica participação do eletricista em todos os crimes atribuídos à quadrilha, incluindo na atuação de abordagem e manutenção das vítimas sob mira de arma de fogo. No momento do estouro, Irineu tentou empreender fuga, mas foi capturado. De acordo com a Polícia Militar, outros quatro indivíduos não indentificados conseguiram fugir.
De acordo com a denúncia, Irineu estava presente no galpão onde os caminhões eram levados imediatamente após serem roubados e que lá foram encontrados veículos inteiros que haviam acabado de ser roubados.
Consta nos autos que a quadrilha se estabeleceu em Votuporanga, com característica de permanência e estabilidade e alugou um imóvel na Avenida Nasser Marão, no Bairro São Cosme, pelo período de três anos. De acordo com a denúncia, o locatário identificado no contrato também pode fazer parte da quadrilha, mas ainda não foi denunciado, pois há dúvidas acerca da sua real identidade.
O julgamento de Irineu Viana Andrade ainda não foi definido pela Justiça, porque
ainda é aguardada a apresentação da defesa do acusado, que deve ser manifestada nos próximos dias. A Polícia Civil continua à procura dos outros integrantes da quadrilha e existe a suspeita do grupo ter ligação com o tráfico de drogas e com uma organização criminosa que atua nos presídios paulistas.
Modus Operandi
De acordo com a denúncia do Ministério Público, são atribuídos pelo menos seis assaltos registrados na região de Votuporanga, pela similaridade do modus operandi aplicado em todos os casos.
Eles aproximavam-se dos veículos pela parte traseira dos bitrens, subiam nas carretas e desligavam a mangueira de freio entre a cabine e o reboque, fazendo com que os caminhões travassem imediatamente.
Quando o caminhão parava, um dos assaltantes encapuzados e armado de revólver entrava na cabine e anunciava o assalto. A vítima era sempre colocada no banco de passageiro ou nas camas existentes nas cabines, enquanto um bandido assumia a direção. A mangueira de freio era religada e eles tomavam rumo de localidades afastadas e despovoadas, de preferência canaviais, enquanto outros membros da quadrilha faziam escolta dos veículos utilizando-se de automóveis.
As vítimas eram mantidas reféns sob mira de arma de fogo, por um dos indivíduos, enquanto o restante da quadrilha levava o caminhão para o desmanche. As vítimas ficavam no cativeiro por cerca de quatro horas e depois eram liberadas, quando alguém da quadrilha ia buscar o integrante que ficava de guarda.
A denúncia também mostra detalhes sobre a organização da quadrilha, que mantinha no local do desmanche uma empilhadeira movida a gás veicular, de marca Mitsubishi, modelo 4.105, com capacidade para 3 mil quilos, que era utilizada para movimentar os motores pesados e outras peças. Também foram apreendidos no local um maçarico de corte e uma esmerilhadeira.
A polícia encontrou até uma lista de compras, indicando que os integrantes da quadrilha faziam refeições no local.
Estouro
O estouro do desmanche que deu fim às ações da quadrilha em Votuporanga, aconteceu no dia 25 de junho, graças a uma denúncia feita à Polícia Militar. Os policiais chegaram até o local após seguir o sinal de satélite de um caminhão que havia sido roubado horas antes no município de Icém.
A PM invadiu o salão na avenida Nasser Marão, após serem alertados por uma empresa de monitoramento, que um caminhão havia saído do percurso programado, e que por não conseguirem fazer comunicação com o motorista, suspeitava-se que o veículo havia sido alvo de ladrões.
Os policiais chegaram ao local aproximadamente às 3 horas. Ao entrarem no barracão, encontraram o caminhão e vários outros veículos furtados, semidesmontados, e constataram que o local era usado como desmanche. Ao perceberem a chegada dos policiais, quatro homens que estavam no galpão saíram correndo, sendo apenas um capturado pela polícia, Irineu Vieira Andrade. Na prisão ele disse aos policiais que trabalhava nos caminhões com os outros homens, mas que sequer sabia os nomes deles. Ele contou que foi contratado por um rapaz que conhece apenas pelo nome há três anos, e que frequentemente fazia esses serviços quando chamado.
O salão havia sido alugado no dia 12 de maio e os bandidos pagaram dois meses de mensalidade adiantadas. Na fuga, a quadrilha abandonou dois automóveis no local, um Audi A3 e um Fiat Pálio. Foram apreendidos cinco caminhões no local. Dois com placas do município de Bebedouro; dois de Rondonópolis, Mato Grosso; e um de Guarapava, no Paraná. Foram apreendidos também algumas placas de veículos dos municípios de Vinhedo e São Paulo, vários aparelhos de som e televisores portáteis, além de muitos equipamentos e maquinários que os bandidos utilizavam para desmontar os veículos. De acordo com a denúncia do Ministério Público, as peças apreendidas no galpão foram avaliadas em R$ 132 mil.