Cleide Semenzato (foto: Divulgação)
Gosto de conversar com quem me escuta sem julgamento, com quem posso falar dos meus erros e acertos, que não irá menosprezar o que sinto e o que penso, que demonstra interesse pelo que falo, que não impõe suas verdades, dentre outras coisas. O diálogo é a base da comunicação humana e uma das formas mais antigas e essenciais de interação. As conversas cotidianas mostram-nos que a capacidade de dialogar desempenha um papel central na construção de relações, resolução de conflitos e promoção do entendimento. No entanto, um diálogo de forma eficaz não é apenas uma questão de falar e ouvir, pois falar até papagaio fala. É uma verdadeira arte que exige habilidades específicas, como a empatia, a escuta ativa, por exemplo. Muitas vezes, pensamos que dialogar é simplesmente expressar as nossas ideias. No entanto, a escuta ativa é talvez o elemento mais importante de um diálogo eficaz. Escutar ativamente significa estar totalmente presente na conversa, prestando atenção ao que outra pessoa está a dizer sem interrupção. Este tipo de escuta promove um sentimento de respeito mútuo e cria um ambiente onde todos se sentem acolhidos. A empatia é o núcleo de um diálogo autêntico e produtivo. Significa a capacidade de nos colocarmos no lugar da outra pessoa, compreender os seus sentimentos e pontos de vista, e, ao fazê-lo, abrir espaço para a cooperação. Para que um diálogo seja eficaz, é importante que as ideias sejam expressas de forma clara e objetiva. A clareza na comunicação evita mal-entendidos e torna mais fácil para o outro lado compreender nossos pontos de vista e a assertividade é a chave para equilibrar a expressão dos próprios sentimentos e opiniões de forma honesta, sem ser agressivo ou passivo. Uma das armadilhas comuns em diálogos difíceis é o apego rígido às nossas próprias opiniões. A arte de dialogar inclui ser flexível, ou seja, estar aberta à possibilidade de mudar de perspectiva à medida que o diálogo avança. Esta flexibilidade não deve ser confundida com fraqueza, pois é na verdade, uma forma de força, pois demonstra abertura à aprendizagem e ao crescimento pessoal. O silêncio, as vezes, pode ser uma ferramenta poderosa no diálogo. Muitas vezes, é no silêncio que refletimos sobre o que foi dito e reorganizamos nossos pensamentos. Saber quando fazer uma pausa e permitir momentos de silêncio na conversa pode abrir espaço para uma reflexão mais profunda. Em vez de preencher constantemente o espaço com palavras, o silêncio permite que o interlocutor pense e expresse plenamente o seu ponto de vista. Num mundo cheio de conflitos, a arte de dialogar é uma das ferramentas mais eficazes para a sua resolução. O diálogo cria uma ponte entre partes divergentes, promovendo o entendimento mútuo e a negociação de soluções. Para que o diálogo seja eficaz na resolução de conflitos, ambas as partes devem estar dispostas a colaborar, a procurar pontos comuns e a encontrar compromissos que satisfaçam ambas as partes, principalmente num mundo em que a comunicação digital muitas vezes ultrapassa o diálogo presencial, a importância de saber dialogar torna-se ainda mais crítica para fortalecer as relações interpessoais e promover a paz. Portanto, desenvolver a capacidade de ouvir, de comunicar-se de forma clara e assertiva, e de praticar a empatia não só nos torna melhores interlocutores, mas também contribui para um ambiente social mais harmônico e colaborativo. Ouvir mais e falar menos não significa retirar-nos da conversa, mas sim enriquecê-la.