Da Redação
A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SAP) determinou tolerância zero nos presídios paulistas para impedir a comunicação dos presos com pessoas que estão fora das unidades prisionais. Para isso, reforçou as buscas internas e as revistas durante as visitas. Desde janeiro de 2011 até junho deste ano, 724 aparelhos de telefone celular foram apreendidos nos quatro presídios da região de Rio Preto – Penitenciária de Riolândia, Centro de Ressocialização Feminino (CRF), Centro de Progressão Penitenciária (CPP) e Centro de Detenção Provisória (CDP). A média é de 40 aparelhos apreendidos por mês.
No mesmo período, 137 presos foram punidos por estar com aparelhos dentro das celas e 14 visitantes respondem por crime, cuja pena varia de três meses a um ano de reclusão, por tentar introduzir celulares dentro dos presídios. A medida de segurança de tolerância zero adotada tem como objetivo impedir ataques coordenados como os registrados entre os dias 12 e 23 de junho na Grande São Paulo, quando 14 ônibus foram incendiados, seis policiais mortos e cinco bases policiais atacadas. Grampos interceptados pelo Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic) da Capital, revelaram que a ordem para matar os militares partiu de integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
Além da coordenação de ataques, o delegado do 3º Distrito Policial de Rio Preto, Luiz Alberto Bovolon, diz que os presos também usam os aparelhos para cometer outros crimes. Segundo ele, o mais comum é o falso sequestro. “Esse golpe é muito comum, o preso liga para o celular de uma pessoa e finge que sequestrou algum parente dela. Para que o parente seja liberado, é preciso pagar uma quantia em dinheiro”, afirma.
O promotor aposentado Antonio Baldin afirma que o celular é mais perigoso até do que uma arma dentro do presídio, uma vez que pode atingir mais pessoas. “Com a arma, o preso só consegue atingir pessoas que estão dentro da cadeia e, assim que acaba a munição, ele não tem mais como usá-la, já com o celular, ele permanece cometendo crimes. E émais difícil chegar na autoria do crime que partiu de um celular do que do crime que partiu de uma arma de fogo”, afirma.
O preso flagrado com celular sofre punições como isolamento preventivo e perda do direito a visita. Os que estão em regime semiaberto podem retornar ao regime fechado. “A pena é branda, especialmente para quem tenta entrar com o celular. Acho difícil que esse tipo de ocorrência deixe de ser registrada. Como é um crime de menor potencial ofensivo, segundo o Código Penal, a reclusão é transformada em pena alternativa, como pagamento de cestas básicas”, explica Baldin. (Com informações de Diário da Região)