A expansão desse grupo reflete uma tendência que se fortalece na cidade: cada vez mais mulheres assumem espaços antes dominados por homens
Fernanda Covacic Perineli conversou com a reportagem do jornal A Cidade sobre a sua profissão (Foto: A Cidade)
Daniel Marques
daniel@acidadevotuporanga.com.br
O aumento no número de mulheres que buscam sustento como entregadoras em Votuporanga tem chamado atenção nas ruas e aplicativos de delivery. A presença feminina na função, tradicionalmente ocupada por homens, cresce de forma gradual e constante, impulsionada por fatores econômicos, pelo interesse em jornadas flexíveis e pela possibilidade de independência financeira. O jornal
A Cidade conversou com duas profissionais que atuam no trânsito da cidade e relataram suas experiências.
Fernanda Covacic Perineli, 29 anos, moradora do Residencial Figueira, trabalha exclusivamente como motogirl há três anos e oito meses. Ela explica que a rotina inclui entregas de alimentos variados, com destaque para sorvetes e doces, além de entregas de calçados. Segundo ela, a principal dificuldade enfrentada no dia a dia está relacionada aos riscos do trânsito e aos possíveis acidentes. “Quem já está acostumado a andar de moto já prevê muitas situações, mas todo cuidado é pouco, pode acontecer com qualquer pessoa”, afirmou.
Ela conta que nunca foi alvo de assédio durante o trabalho, mas relata ter enfrentado situações de preconceito por parte de homens que, segundo ela, se incomodam com o fato de uma mulher atuar de forma independente na profissão. Fernanda destaca ainda que cantadas não fazem parte de sua rotina de trabalho, e que costuma receber elogios pela dedicação e qualidade das entregas. Sua jornada é dividida em dois turnos, tarde e noite, somando aproximadamente nove horas por dia.
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A Cidade também ouviu Lumara Rodrigues Garavelo, 29 anos, moradora do Jardim Debortole. Ela trabalha em uma oficina mecânica durante a semana e atua como motogirl aos finais de semana, função que exerce há cerca de um ano e meio. Lumara realiza principalmente entregas de comida japonesa e relata que a maior dificuldade encontrada na atividade está no comportamento dos motoristas no trânsito. “Acredito que a imprudência dos motoristas é o principalmente problema, principalmente na questão de não respeitar as sinalizações de trânsito, como o Pare, semáforos, dar a seta corretamente, entre outras questões”, disse.
Assim como Fernanda, Lumara afirma que nunca recebeu cantadas nem foi desrespeitada por ser mulher, apontando que sua experiência tem sido marcada pela cordialidade dos clientes e dos demais profissionais. Ambas destacam que o número de mulheres na profissão aumentou de forma perceptível nos últimos anos. Com base nas conversas entre elas e outras trabalhadoras do setor, estimam que cerca de 20 mulheres atuem atualmente como motogirls em Votuporanga.
A expansão desse grupo reflete uma tendência que se fortalece na cidade: cada vez mais mulheres assumem espaços antes dominados por homens, enfrentando desafios diários no trânsito e consolidando sua presença no mercado de entregas locais.