A verdadeira amizade não depende de quem chegou antes ou de quem nos conhece há mais tempo. Depende de quem chegou e nunca mais se foi, de quem ficou, para compartilhar, para aconselhar, para ouvir, para rir, para chorar, para cuidar, para brindar. A amizade é um dos bens mais preciosos da vida. Tenho um amigo que sempre diz que aceita perder muitas coisas, mas não consegue se conformar em perder uma amizade. Identifico-me profundamente com essa visão, afinal, não nascemos para viver sozinhos. A modernidade trouxe hábitos que, muitas vezes, nos isolam. Hoje, vivemos em uma sociedade que valoriza a independência e a autossuficiência, mas que, paradoxalmente, enfrenta uma solidão crescente. O mercado, adaptando-se a essa realidade, oferece soluções práticas como os livros de autoajuda lotam as prateleiras, os apartamentos que ficam cada vez menores e as embalagens individuais enchem as prateleiras dos supermercados. Tudo parece moldado para atender a um estilo de vida solitário. No entanto, é essencial refletir sobre os momentos em que, mesmo no meio dessa correria individualista, somos lembrados da importância das conexões. Recentemente, participei de uma comemoração entre amigas. Era um encontro simples, mas profundo, feliz. Pessoas que se gostam, compartilham momentos e têm em comum o prazer de estar juntas. Esses momentos nos fazem lembrar que por mais que saibamos apreciar a solidão, ela nunca deveria ser um estado permanente. Saber ficar só é uma habilidade importante. Há momentos na vida em que a solidão é inevitável, e aprender a lidar com ela de forma saudável é fundamental. Contudo, viver isolado, sem construir laços verdadeiros, pode ser perigoso. Estudos mostram que pessoas afetiva e socialmente isoladas estão mais sujeitas a problemas como depressão, insônia, estresse, alcoolismo, amarguras,etc. Por outro lado, amizades bem cultivadas trazem alegria, apoio e saúde emocional. Elas são fundamentais para enfrentar os desafios da vida e celebrar suas conquistas. Fazer amizades pode ser fácil, porém, nem todas resistem ao tempo como aquelas que duram décadas, que nos acompanham em momentos importantes, que celebram conosco as conquistas e compartilham as dores. É difícil porque exige muita paciência, resiliência e abnegação. A amizade não é um luxo; é uma necessidade humana que nos ajuda a enfrentar tudo de maneira muito melhor. Em um mundo cada vez mais solitário, valorizar e cultivar amizades verdadeiras é um ato de resistência e de cuidado consigo mesmo. Afinal, somos seres feitos para compartilhar. E, como meu amigo sempre diz, perder uma amizade é um dos maiores infortúnios que podemos enfrentar. Amizade é cura, aquele laço bonito que não prende nem aperta, mas embeleza a alma da gente.