- Alex, vá rápido. Está perdido? – Vi o motorista do ônibus falando alto, quase gritando. Eu meio atordoado mexi a cabeça no sentido de não. Comecei a caminhar e em meus olhos a visualização era apenas uma, a menina do sorriso radiante.
Entrei na faculdade com muita alegria. Será aqui a mudança da minha vida e em todos os sentidos.
Encontrei a lista da minha sala e vi o número. Mas onde será esta sala? Caminhei até um funcionário e perguntei onde ficava. Ele apontou a direção. Andando rapidamente e ao mesmo tempo devagar, meu coração pulava dentro do meu peito, querendo sair para dar uma grande volta e de preferência com o coração daquela menina do sorriso radiante. Não sabia seu nome, não sabia sua idade e nem o curso que ia fazer, mas senti seu sorriso e descobri sua alma. Ela realmente se encaixa comigo. Tudo bem diário, sei que está pensando que eu não sei o que é o amor, pois passei o ensino médio inteiro gostando de alguém e em alguns minutos tudo desapareceu. Mas sinto, sinto diário, ela é alguém que conheço há anos. Esta foi à sensação que tive. Meu coração explodiu com uma felicidade jamais sentida. Até agora nunca senti por ninguém.
Cheguei à sala. Coloquei meu material e saí. Para onde diário? Para encontrar quem eu esbarrei. Procurei por toda parte, mas infelizmente não encontrei.
Quando percebi, já não havia mais ninguém nos corredores e então voltei para sala. Quando cheguei, já tinha um professor lecionando. Ele era demais! Explicava linguística com perfeição e maestria. Que aula! Que professor. O nome dele? José Carlos. José Carlos Damasceno! Ele, diário, se tornou alguém muito especial para mim!
Confesso que a faculdade me instigava. Queria aprender muito e sair da classe social em que habitava. Mas naquele ano letivo, nunca mais a vi. Nunca mais senti a alma daquela garota com o sorriso radiante. Não faltei nenhum dia. Não faltei nenhuma hora. Mas tudo para tentar encontrar a menina. E sem sucesso.
A cada dia permanecia o sorriso mais real em minha mente. A cada dia permanecia mais tocável em meu coração os seus olhos. A sua alma! Como queria a ver de novo. Como queria senti-la de novo! Mas diário, sem chance! O ano inteiro andava nos intervalos com muita garra e fé, mas nada! Com amizades feitas na sala, contei o acontecido e elas me ajudavam a procurar, mas nada! Simplesmente sumiu, como a imagem da menina do colegial, porém permaneceu sua alma colada na minha. Agora preciso dormir. Estou cansado. Quem sabe conto mais depois. Até diário.
*Alex Aleluia é professor de Língua Portuguesa e escritor de várias obras