Única representante feminina do quartel de Votuporanga, Ana contou um pouco sobre seu dia a dia e sobre sua escolha de carreira
Bombeira Ana Maria da Silva Rosário trabalha há 14 anos no quartel de Votuporanga
Nathalia Almeida
nathalia@acidadevotuporanga.com.br
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o A Cidade conversou com a bombeira, Ana Maria da Silva Rosário, única mulher do quartel do Posto de Bombeiros de Votuporanga. Mãe de três filhos, avó de dois netos e bombeira, Ana Maria se sente realizada por trabalhar há 14 anos em uma profissão considerada heróica e que a enche de orgulho todos os dias.
No início, ela contou que escolheu a carreira de militar porque procurava estabilidade, por ser um cargo público, escolheu entrar na escola de formação para soldados. “Iniciei minha carreira trabalhando na Polícia Militar, meu marido já era policial. Fiz a escola de formação para soldados por um ano e logo me formei. Na minha turma havia mais de 400 mulheres em formação”.
Ana disse que o início na profissão foi difícil, trabalhou especificamente no policiamento escolar da Zona Leste, em São Paulo. Na época, o trabalho para ronda escolar acontecia sob a responsabilidade de policiais femininas, a bombeira contou que em seu primeiro ano de atuação, quatro policiais femininas foram mortas em campo. Para coibir essas ações violentas, o governo decidiu colocar homens e mulheres para trabalhar em conjunto.
No ano de 2002 vieram as mudanças, e não foi só na carreira. Ana se mudou para Votuporanga e se tornou bombeira. Sobre a escolha de vir para o interior, ela disse que estava procurando um local mais tranquilo para criar as crianças. “São Paulo é uma cidade muito difícil para criar os filhos, decidimos mudar para que eles pudessem ter uma qualidade de vida melhor”, destacou.
Atualmente, faz parte da equipe de quatro pessoas que atua na área técnica do Posto do Corpo de Bombeiros de Votuporanga. O trabalho consiste no atendimento ao público, administração do quartel, execução de vistorias e fiscalização de estabelecimentos comerciais e industriais.
Para quem pensa que o serviço é só esse, está enganado. Ela contou que quando há ocorrências de maior porte, todo o efetivo do quartel é convocado. “O mais recente que lembro ter atuado, foi no incêndio da empresa Truck Galego, houve uma explosão em um dos tanques que continha material inflamável. O fogo atingiu um operário, tivemos que agir de maneira muito rápida, infelizmente ele faleceu algum tempo depois”.
Como nas outras profissões, ela destaca que é importante estar em campo e saber como agir em situações que exijam raciocínio rápido. “Quando entramos no serviço para ser bombeiro, recebemos todo o material teórico, mas vai ser no dia a dia que vamos aprender mesmo”.
Sobre o número escasso de mulheres atuando como bombeiras, ela brincou dizendo que começou achar estranho nunca ter entrado outra mulher no quartel. “Depois de um tempo descobri que o número de mulheres é definido pelo número de habitantes da cidade, Votuporanga só comporta uma”.
Hoje, o quartel votuporanguense se tornou uma família para Ana, que é tratada pelos colegas de trabalho com muito carinho e respeito. Para ela, o diferencial da “família dos bombeiros” é o apoio diário em cada missão.