Jociano Garofolo
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A Polícia Civil e a Científica de Votuporanga se mobilizaram na tarde de ontem às margens da estrada municipal Adriano Pedro Assi (27), para a reconstituição do assassinato da jovem Priscila de Souza, de 22 anos, que foi morta e teve o corpo queimado na noite do dia 3 de setembro. O acusado, Manoel Américo da Costa, foi conduzido até o local, mas preferiu não participar do procedimento.
O trabalho dos profissionais começou às 16 horas, no quilômetro oito mais 200 metros da estrada, no terreno em que existia um canavial onde o corpo foi encontrado. O procedimento foi supervisionado pelo delegado João Donizeti Rossini, responsável pelo caso. Também acompanharam a recosntituição o promotor Marcus Vinícius Seabra e o advogado de defesa do suspeito Marcos Gianezi.
A mãe da vítima, Tereza Rodrigues Gomes, e o irmão, Jorge Luiz de Souza, também estiveram presentes. O suspeito, Manoel Américo da Costa ficou no local por apenas alguns minutos, e segundo os investigadores, preferiu não se envolver, alegando que não se sentia bem no local, e foi devolvido à Cadeia Pública de Votuporanga, onde permanece detido desde a data do crime.
Os peritos e os investigadores reproduziram milimetricamente todos os passos que constam no inquérito policial. Foi utilizado um automóvel da mesma cor do que é de propriedade do suspeito, cinza. O terreno onde Priscila foi morta não apresenta mais um denso canavial, o que facilitou o trabalho. Os investigadores simularam todos os movimentos da jovem e do suspeito, detalhe por detalhe.
De acordo com a versão representada no local, a agressão que levou à morte da vítima aconteceu dentro do veículo, ou em período anterior a chegada ao canavial. O assassino teria se utilizado de um pedaço de gravata para pressionar o pescoço da moça. Em seguida, o corpo de Priscila foi carregado pelo assassino até a plantação de cana-de- açúcar. Ele foi colocado entre as plantas. Na sequência, o autor teria ateado fogo na vítima, o que desencadeou um grande incêndio.
A equipe da Policia Civil e a Cientifica foram para uma estrada de terra às margens da 27. O local foi onde Manoel Américo Martins colidiu seu automóvel com uma árvore de seringueira.
No dia do crime, ele alegou que tomou a atitude como uma tentativa desesperada de escapar de dois assaltantes que o faziam refém. Por outro lado, a investigação aponta que o suspeito teria praticado o ato de maneira proposital, como uma tentativa de conseguir um álibi.
Os peritos posicionaram corretamente o veículo no ponto em que se chocou com duas árvores.
Eles retiraram o pedaço de gravata que estava dentro do veículo e a colocaram sob o automóvel, no local onde foi encontrada no dia do crime. Aliás, a gravata foi o ponto chave da investigação para que a suspeita do homicídio fosse apontada para Martins.
O procedimento foi registrado por câmeras fotográficas e o material deve ser anexado ao processo pelo Ministério Público, para ajudar a ilustrar a versão da acusação.
Família
A mãe de Priscila e o irmão Jorge, acompanharam todo o trabalho. Tereza chorou várias vezes. Também abalado, Jorge foi até a beira da estrada e procurou seguir passo a passo a ação dos peritos.
Em entrevista ao jornal A Cidade, ele revelou outros detalhes que antecederam a noite do crime. Jorge contou que dias antes do assassinato, Priscila havia deixado sua motocicleta estacionada próximo ao Senai/Cemad, onde cursava corte e costura e, ao retornar, no fim das aulas, deparou-se com o banco do veículo todo retalhado, com vários cortes que pareciam ter sido feitos pelo uso de uma faca.
O irmão disse também que a jovem teria perdido sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação), e que de maneira estranha, uma mulher teria ligado em seu elefone celular dizendo que havia encontrado o documento.
A desconhecida disse que devolveria a carteira apenas se fosse pago a quantia de R$ 200, proposta que teria sido negada por Priscila. Dias depois, a CNH teria sido devolvido à jovem por Manoel, que não deu detalhes de como a recuperou.
Crime
O assassinato de Priscila de Souza aconteceu no dia três de setembro, entre às 18h30 e 20h00. Seu corpo foi encontrado parcialmente carbonizado deitado no meio de um canavial por funcionários de uma usina que tentavam apagar o incêndio desencadeado no local. Na época, um fato curioso chamou a atenção dos policiais. Havia um pedaço de gravata preso junto ao corpo da vítima. Após ter sido efetuada a perícia, os policiais foram chamados a atender uma outra ocorrência nas proximidades. Tratava-se de uma tentativa de roubo, que culminou em um acidente de trânsito.
O condutor do veículo, e então vítima, o aposentado Manoel Américo da Costa, de 65 anos, já não estava mais no local, pois havia sofrido ferimentos e fora socorrido até a Santa Casa de Votuporanga. No hospital, ele disse que havia sido rendido por duas pessoas não identificadas.
Na versão do aposentado, ele foi abordado pelos bandidos nas proximidades da rodoviária e teria sido forçado a vagar com seu o automóvel GM Corsa, ano 1997, de cor cinza, sob
ameaças de morte por estradas da região. Costa informou que provocou o acidente na tentativa de fazer com que os supostos assaltantes o libertassem.
Enquanto o suspeito recebia atendimento, policiais militares encontraram sob o seu automóvel, que ainda permanecia no local do acidente, uma gravata, aparentemente igual ao pedaço que foi encontrado junto ao corpo da vítima. Diante do fato, foi dada voz de prisão ao suspeito, que foi conduzido imediatamente ao Plantão Poilicial.
Inicialmente, Manoel negou envolvimento com o crime, mas segundo a Polícia Civil, diante das ele teria confessado a autoria posteriormente, diante das evidências. Na parte superior do automóvel foi possível observar marcas que aparentavam ser de sangue, o que deve ser confirmado através de exames.
Priscila de Souza, de 22 anos, trabalhava em uma indústria de móveis em Votuporanga e cursava corte e costura no período noturno no Senai/Cemad. Ela deixou uma filha, Maria Luiza, de 2 anos e meio de idade, cujo pai era seu atual namorado. No próximo dia 15, acontece no Fórum da Comarca de Votuporanga a primeira audiência com o juiz da Primeira Vara, Jorge Canil, e as testemunhas. O procedimento é comum para elaboração da primeira parte do processo e ainda não servirá como júri. Se comprovada a culpabilidade do autor, ele poderá pegar até 30 anos de prisão.
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