Da Redação
Um motociclista de 30 anos morreu na noite de quinta-feira, zona sul de Rio Preto, após ser atingido por uma linha de pipa com cerol, que estava presa aos fios de alta tensão do local. O acidente ocorreu por volta das 19 horas, na avenida que dá acesso ao condomínio residencial da Estância Quinta do Golfe.
Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o corte profundo no pescoço causou hemorragia e insuficiência respiratória. A fatalidade aconteceu quando André Pietro transitava pela Avenida 2, para visitar o pai que mora em um sítio próximo ao local. Segundo testemunhas que presenciaram o acidente, o jovem, que trabalhava em uma ótica, chegou a percorrer cerca de 20 metros depois de ser ferido pelo cerol até cair no chão. Um segurança de condomínio, Adão Ocha, de 33 anos, que acompanhou o momento do acidente, disse que ele tentou pedir socorro. “O rapaz retirou o capacete, pegou o celular para tentar fazer uma ligação para pedir socorro, mas acabou não resistindo ao ferimento”, diz.
Muito abalado, o cunhado da vítima, Sérgio Neves, foi o primeiro parente a chegar ao local. “Nem sei como dar essa notícia para a minha mulher e a família.” O pai de André, o caseiro Antonio Pietro, de 68 anos, chegou pouco tempo depois e também ficou chocado com a notícia. “Não dá para acreditar nisso, ele estava vindo para minha casa para jantar comigo.” O pai de André também conta que o filho era uma pessoa muito querida e que fazia planos. “O patrão confiava muito nele e o considerava como filho também. Ele era um moço muito bom, nunca deu trabalho, não bebia, nem fumava. Ele estava noivo há algum tempo e pagava o financiamento de uma casa.”
O motociclista era o filho caçula dentre quatro irmãos. André morava no bairro São Jorge, zona norte de São José do Rio Preto, e visitava o pai com frequência. “Eu não estava bem de saúde nesses últimos dias e ele vinha muito aqui. Utilizava sempre essa avenida”, conta o caseiro.
A Polícia Militar não encontrou pessoas soltando pipas no momento em que atendeu a ocorrência. A corporação informou que a linha com cortante já estava no local, presa aos fios de alta tensão, e que teria caído sobre a avenida no instante em que Pietro passava de moto.
Votuporanga
Em Votuporanga, dois acidentes recentes, registrados pelo jornal A Cidade, reiniciaram as discussões sobre o uso de cerol nas linhas de pipas, que levaram a discussões na Câmara de Vereadores e na runião do Conseg (Conselho de Segurança).
No mês passado, o bombeiro Edmílson Souza Tomaz, de 39 anos ficou a um centímetro de ser ferido fatalmente, no cruzamento entre as ruas Ivaí com a Tocantins. Tomaz freou o veículo e colocou a mão no pescoço, momento em que sentiu o ferimento e notou o sangue; parte de sua camisa também foi cortada. O bombeiro levou um corte de 10 centímetros de comprimento e teve 14 pontos no pescoço.
Outro caso que recentemente se tornou público, foi o ferimento envolvendo a mototaxista Kelly Cristina da Silva, de 21 anos, que sofreu um corte superficial após uma linha ter enroscado em seu pescoço, no cruzamento das ruas Olímpio Formenton com a José Nézio de Oliveira, no Pozzobon. Em entrevista, a jovem disse que acidentes envolvendo motociclistas acontecem com frequência e que muitos colegas de trabalho são vítimas do cerol.
O assunto esquentou na cidade. O vereador Osvaldo Carvalho chegou a apresentar um projeto de lei proibindo a prática de soltar pipas no município, mas acabou sendo retirado da pauta.
Osvaldo optou por modificar a lei já existente que proíbe o uso do cerol. "O município estava querendo legislar em uma área federal, proibir o que já não é permitido que é o uso do cortante na área urbana", enfatizou.
Para ele, a solução para o problema é aumentar a fiscalização. "É preciso cobrar das Polícias Civil e Militar ações em cima do uso de cerol", emendou. Por outro lado, em reunião do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), o tenente José Ramos Duarte, da Polícia Militar, destacou que são ocorrências de difícil constatação e que os adeptos do "cortante" sempre ficam atentos à chegada da polícia, o que dificulta a fiscalização.
Leia na íntegra a versão online