Jociano Garofolo
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Ainda abalado, um dos irmãos da jovem Priscila de Souza, de 22 anos, morta e queimada em um canavial no início do mês, disse ontem que pretende acompanhar os trabalhos de reconstituição do crime, que ainda será agendado pela Dig (Delegacia de Investigações Gerais) de Votuporanga. O montador Jorge Luiz de Souza espera que o crime sirva de exemplo através de uma punição severa ao assassino.
Em entrevista exclusiva ao jornal A Cidade, Jorge disse que o crime estragou a família, e que se existe algum conforto, deve ser pelo menos a certeza de que o autor receberá uma punição justa. "Queremos que ele pague. Isso não vai apagar a trajédia da nossa família. Minha mãe, meus irmãos estão com depressão, sonham com a Priscila, depois acordam chorando e, pelo menos ao que parece, pela atitude de um senhor de idade", afirmou.
O montador questiona também alguns detalhes do caso, que segundo ele permanecem sem esclarecimento. Ele destaca o aparecimento de um risco no tanque da motocileta de Priscila, que não existia antes da noite do assassinato. Apesar de colocar toda a confiança no trabalho realizado pela polícia, Jorge sugere que tais detalhes podem fazer com que seja repensada a versão que consta nos autos, que diz que Priscila entrou expontâneamente no automóvel do acusado, o aposentado Manoel Américo da Costa.
Além disso, ele diz que até o momento as chaves da motocicleta não foram encontradas, e também, que a irmã não costumava deixar o veículo destravado, como estava quando foi encontrado por ele e por outro irmão, nas proximidades da Casa de Saúde.
Ao falar sobre o sentimento sobre o suposto assassino, o irmão de Priscila se vê confuso ao imaginar que uma pessoa de 65 anos seja o algoz de um crime tão brutal. "É complicado. Eu trabalhei muito tempo no Lar são Vicente de Paulo, tomando conta de idosos, dando banho, e agora eu vejo um senhor dessa idade sendo acusado de praticar um ato desses, é de desacreditar onde esse mundo vai parar. Ninguém imagina que um senhor de idade possa ser capaz de matar uma pessoa, depois tentar ocultar o corpo ateando fogo, e forjando um acidente para tentar enganar a polícia".
Dor
Jorge falou também sobre como a família está assimilando o assassinato irmã. Para o montador, as marcas deixadas pelo crime vão perdurar por muio tempo, ou talvez para sempre na rotina da família. Priscila deixou uma filha, Maria Luiza, de dois anos e meio de idade, que não para de perguntar pela mãe. "Toda vez que a gente olha para a menina a primeira lembrança que vem é a da mãe. Ela sempre pergunta da mãe, mas ela não tem idade para saber o que aconteceu. A menina sempre corria para abraçar a Priscila quando ouvia o barulho da motocicleta chegando. Agora ela fica esperando, esperando e ninguém chega", lamentou.
Caso
O Ministério Público, através do promotor Marcus Vinícius Seabra, da 1.º Vara Criminal de Votuporanga, apresentou denúncia nessa semana Manoel Américo da Costa, por homicídio, acrescentado por motivo fútil, através de meio cruel (asfixia), que ele teria cometido com um pedaço de gravata. Os laudos da perícia e exames de criminalística ainda serão anexados ao processo.
Em entrevista, o delegado João Donizete Rossini disse que ainda não está prevista a data para a reconstituição, mas que deverá ser agendada nos próximos dias. Com todas as informações em mãos, caberá ao Juiz de Direito Jorge Canil.
Priscila foi encontrada semiqueimada, com uma gravata no pescoço, demostrando sinais de enforcamento, em um canavial às margens da Vicinal Adriano Pedro Assi, mais conhecida por Estrada do 27, no dia três de setembro. Ela trabalhava em uma indústria de móveis em Votuporanga e cursava corte e costura no período noturno no Senai/Cemad. Manoel Américo da Costa continua preso na Cadeia Pública de Votuporanga, à disposição da Justiça.
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