A vítima foi identificada como Priscila de Souza, de 22 anos; familiares negam que a jovem tivesse um caso com o acusado
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com
O aposentado Manoel Américo da Costa, de 65 anos, preso na noite de sexta-feira, acusado de matar e incendiar o corpo de uma mulher em um canavial na Vicinal Adriano Pedro Assi (Estrada do 27), confessou na tarde de domingo ser mesmo o autor do crime.
De acordo com informações da Polícia Civil, a vítima é a jovem Priscila de Souza, de 22 anos de idade, que, segundo o acusado, mantinha um caso com ele. O delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) João Donizete Rossini, disse em entrevista à Equipe Cidade de Jornalismo, que diante dos indícios que o apontavam como o provável autor do crime, Manoel admitiu o homicídio.
Apesar da confissão, Rossini afirmou que serão feitos exames de DNA para confirmar se o corpo encontrado no canavial era mesmo de Priscila. Para Rossini, "mesmo com o assassino confesso e da confirmação por sua parte de que o corpo tratava-se da jovem, a investigação prossegue".
O delegado disse também que são vários as agravantes e atenuantes para determinar a pena nesse tipo de crime, mas se comprovada a culpabilidade do aposentado, ele poderá pegar até 30 anos de prisão. Um dos fatores que podem pesar contra a situação do acusado é a tentativa frustrada de encobrir sua participação no crime. Segundo a principal linha de investigação, ele teria colocado fogo no corpo da vítima, inventado ter sido vítima de um sequestro e ter simulado um acidente para ocultar detalhes que poderiam incriminá-lo.
Investigação
Os investigadores analisaram o interior do automóvel à procura de pistas. A primeira, e principal evidência descoberta foi um pedaço de gravata encontrado no local do acidente, semelhante a um pedaço de tecido achado pela perícia no pescoço da vítima.
Para acobertar o crime, Manoel Américo da Costa tentou forjar um sequestro informando a polícia que foi vítima de uma abordagem feita por dois bandidos, na avenida Antônio Augusto Paes, próximo à Rodoviária.
Para se livrar dos bandidos, ele teria batido seu automóvel contra uma árvore. Ele tentou criar um álibi para não ter ligações com estrangulamento de Priscila, mas não soube informar nada sobre os supostos assaltantes. De acordo com informações da Polícia Científica, não havia nenhuma marca de frenagem na pista, o que indica que a colisão foi mesmo proposital. Pelo que foi analisado, o choque do veículo com a árvore se deu a uma velocidade de 40 quilômetros por hora.
Os peritos examinaram também o automóvel e encontraram várias marcas de sangue sobre o capô, na porta do motorista e na parte superior do veículo. Outro detalhe que chamou a atenção dos policiais para desmentir a versão do aposentado foi que na parte frontal do automóvel havia areia nos tapetes sob os bancos dianteiros, mas não tinha nenhuma marca que apontasse um terceiro ocupante na parte traseira. Havia também marcas de pés no porta-luvas do automóvel.
Familiares negam caso entre vítima e assassino
Em entrevista ao jornal A Cidade, a mãe de Priscila, Tereza Rodrigues Gomes, e o
irmão mais velho, o montador Jorge Luiz de Souza negaram que a vítima mantinha relações íntimas com o acusado. Para eles, o que Manoel disse em depoimento, que Priscila se envolveu com ele por dinheiro não é verdade.
A mãe justifica que a família tem uma boa situação financeira e que a filha possuía um emprego estável, estudava no período noturno e recebia pensão do pai de sua filha. "A Priscila queria ser alguém na vida, estava batalhando por um futuro melhor, ela não tinha necessidade de se envolver por dinheiro", alega a mãe. O irmão reforça a informação dizendo que nunca faltou nada em casa para que a irmã precisasse ter relações com alguém mais velho para se manter. "É loucura. Minha irmã tinha um namorado, trabalhava, era independente e ganhava de tudo da família".
A mãe informou também que Manoel já havia sido agredido pelo namorado da vítima e pai da criança, Adriel, por ficar seguindo-a pelas ruas próximas da sua residência.
Jorge destacou que o simples fato da irmã não ter chegado do trabalho no horário combinado, fez com que toda a família saísse pela cidade à procura de alguma informação. "Ela sempre chegava em casa no mesmo horário, tinha namorado, nós sabíamos da vida dela. Quando percebemos que ela não estava em nenhum local conhecido, bateu o desespero", disse o irmão.
Um fato destacado pelo familiares e que ainda está sem resposta é que durante a procura por Priscila, eles encontraram a motocicleta da vítima, destravada, estacionada na frente da Casa de Saúde, um local sem nenhuma relação com o emprego ou com a escola de cursos frequentada pela jovem. Jorge informou que nem as chaves do veículo e nem o capacete foram encontrados até o momento.
Justiça
A mãe, Tereza, elogiou o trabalho realizado pelos policiais, que, segundo ela, foram rápidos em esclarecer a história e prender o assassino confesso. "Espero que a justiça seja feita e que o assassino pague pelo crime que cometeu. Eu espero que a justiça faça ele pagar. Sei que nada do que ele fizer vai trazer minha filha de volta, mas eu vou cobrar justiça", afirmou.
Vítima
Priscila de Souza, de 22 anos, trabalhava em uma indústria de móveis em Votuporanga e cursava corte e costura no período noturno no Senai/Cemad. Ela deixou uma filha, Maria Luiza, de 2 anos e meio de idade, cujo pai é o seu atual namorado. O corpo da vítima chegou ao Velório Municipal às 20 horas de sábado e foi sepultado na manhã de domingo, às 9 horas, com o caixão lacrado, no Cemitério Municipal de Votuporanga. (Colaborou Jean Martins)
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