Jociano Garofolo
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Mais um incêndio de grandes proporções foi registrado ontem, desta vez na Fazenda Mastrocola, em Votuporanga. O fogo foi combatido pelos bombeiros, moradores da zona rural e funcionários de usinas na região durante quase todo o dia. O vento levou novamente a fumaça para a área urbana da cidade. O sol forte foi encoberto por uma nuvem de cinza que caiu sobre as residências, afetando ainda mais a qualidade do ar.
De acordo com relatos de moradores das áreas afetadas, o fogo começou por volta das 10h15 em um canavial e, devido aos ventos constantes e a vegetação seca pela estiagem, logo se tornou incontrolável, atingindo APPs (Áreas de Proteção Permanentes, matas nativas sob proteção ambiental), cerca de 110 hectares de plantações de cana-de-açúcar e 40 hectares de áreas de pastagens e pontos povoados, com casas e chácaras.
Em toda a região, moradores combatiam o fogo com baldes de água, galhos e mangueiras numa atitude desesperada para proteger suas propriedades e as criações das chamas. Eles receberam ajuda da unidade de combate ao fogo do Corpo de Bombeiros de Votuporanga e de funcionários de usinas da região, o que por muito pouco evitou um cenário mais trágico.
O lavrador Valdemar Barbosa, morador da Chácara Nossa Senhora Aparecida, contou que o fogo por pouco não atingiu o celeiro onde ele guarda cana-de-açúcar em pedaços, que é o único alimento que lhe restou para tratar de seu rebanho. "Eu tive que brigar com o fogo no braço, pegou fogo em tudo em volta, mas graças a Deus que não atingiu a chácara e principalmente o celeiro, porque sem o alimento para os animais, a vida aqui ia ficar difícil", afirmou.
Os caminhões pipas iam e vinham entre os focos de incêndio e córregos da região. Em um canavial, as chamas atingiram cerca de 15 metros de altura e consumiram uma área de 40 hectares em questão de minutos.
Os bombeiros que estiveram no local não souberam identificar às causas que deram início ao incêndio, que só teve seus últimos focos controlados no final da tarde. A nuvem de fumaça atingiu quilômetros de altura e foi trazida pelo vento para a zona urbana urbana de Votuporanga, cobrindo a cidade com as cinzas e fuligem que caíam do céu.
Umidade crítica
Na região noroeste paulista continuam a ser registrados dias quentes, noites amenas e umidades relativas do ar muito baixas, trazendo desconforto e problemas respiratórios, situação que é seriamente agravada por queimadas como a de ontem. Na região de Votuporanga, os números da umidade relativa dor ar está variando entre 10% e 20%, nível muito abaixo do recomendável como saudável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que classifica medição inferior a 30% como estado de atenção e pode provocar problemas respiratórios, secura na garganta, no nariz, olhos e pele.
Bronquite ou asma, rinite, são ainda mais prejudiciais nestas condições e às inalações são neceessárias, além do umidificador. De acordo com informações repassadas pela assessoria de comunicação da Santa Casa de Votuporanga, o médico responsável pelo Pronto Socorro do hospital, o doutor Maykon Everaldo Silveira, disse que houve um crescimento de 40% nos atendimentos de emergência devido a problemas respiratórios causados pela baixa umidade, nos meses de julho e agosto de 2010.
Já se contam 17 dias de umidade relativa crítica, ou seja, 74% dos dias de agosto em situação desconfortável. A região sofre também com a falta de chavas. Já são mais de 100 dias sem chuva (última chuva de 12,5 mm em 08 de maio).