Segundo a Prefeitura, a banda está inoperante e a remuneração dos músicos se dá por ensaios e apresentações obrigatórias
A polêmica decisão da Prefeitura foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Município (Prefeitura de Votuporanga)
Daniel Castro
daniel@acidadevotuporanga.com.br
Repercutiu na cidade a decisão do prefeito João Dado (PSD) de suspender os pagamentos aos membros Associação Cultural Zequinha de Abreu de Votuporanga. Os músicos, naturalmente, ficaram bastante tristes com a medida, ainda mais em meio a uma pandemia. Por sua vez, a Prefeitura explicou que a banda está inoperante em decorrência da pandemia e a remuneração dos músicos se dá por ensaios e apresentações obrigatórias.
A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Município anteontem. Nela consta que “à vista do parecer da Procuradoria Geral do Município que acolho, determino a suspensão por 90 dias, da execução do Termo de Colaboração nº 027/2020 e respectivos pagamentos, a partir desta data, referente à parceria estabelecida entre o Município de Votuporanga e a Associação Cultural Zequinha de Abreu, entidade sem fins lucrativos, com sede na rua João Ferreira do Nascimento, 2.853, no Jardim Residencial do Prado”.
O músico Henrique de Marchi, 34 anos, conversou com o A Cidade sobre a situação. Ele e sua esposa são membros da banda e estão revoltados com o que aconteceu: “venho aqui agradecer essa atitude do nosso digníssimo prefeito no momento em que nós como músicos mais precisamos de ajuda. Eu como profissional da música estou há mais de 100 dias sem trabalhar, faço parte da Associação Musical Zequinha de Abreu, era em meio a essa pandemia a minha única fonte de renda, assim como de tantos outros músicos que fazem parte da Associação”, disse.
Segundo o músico, anteontem os profissionais receberam a triste e desagradável notícia de que a verba usada para pagamento foi suspensa. “Não vou dizer salário, pois não chega a isso, e sim ajuda de custo, foi suspensa. Obrigado, sr. João Dado”, relatou.
O que mais entristece, na visão de Henrique, não é a questão financeira, mas ver que o trabalho do músico é menosprezado. Em relação ao pagamento, que conforme ele atualmente é de R$ 641,15, o profissional contou que alguns músicos usam esse dinheiro para pagar mensalidade das faculdades.
O vereador Emerson Pereira se posicionou sobre a decisão de Dado. Na opinião do parlamentar, é lamentável a administração optar por essa medida. “Muito de nossos músicos sobrevivem desta ajuda de custo, necessitam deste benefício. Creio que os músicos poderiam estar levando músicas e atrações às nossas famílias em forma de lives, pois o momento requer ações como estas”, disse.
Hery Kattwinkel também comentou a questão. Segundo o legislador, o Executivo não conversou com os músicos antes, que foram pegos de surpresa com a decisão. “A Prefeitura nem sequer deu satisfação a eles, não se reuniu e nem conversou com eles, e simplesmente suspendeu esse repasse. Só que nós temos pais de família, que dependem exclusivamente da Banda Zequinha de Abreu”, falou. Ele fez um ofício ao Executivo para que seja reconsiderada a decisão.
Ajuda
Após a repercussão negativa, Dado publicou, também em edição extra do Diário Oficial, na tarde de ontem, “ações em relação aos integrantes da Banda Zequinha de Abreu”. Chama atenção que o texto está escrito à mão.
Consta no primeiro item “fornecer no 1º dia útil de julho, agosto e setembro de 2020, uma cesta básica a cada integrante mediante recibo”. O segundo “incluiu no programa Votuporanga em Ação, na modalidade meio período, cada integrante da banda, registrando casos de recusa, para que os integrantes estejam à disposição da Secult para aulas individuais na área musical, trabalhos na Secult por 90 dias”.