Zélia Soares de Lima, mãe de Pedro Lima que faleceu em 23 de julho de 2016 (Foto: A Cidade)
Sabe-se que um filho quando perde a mãe se torna um órfão, já quando uma mãe perde um filho não existe nem palavras que definam esse momento. “Eu dormi com ele e acordei sem ele, foi um susto. Quem não passou, não imagina!”, é o que diz Zélia Soares de Lima sobre a perda do filho de 20 anos, Pedro Lima.
Aos 24 anos, Zélia, deu à luz ao seu primeiro filho, o Pedro, que com o passar dos anos se encaminharia para o ramo da música a fim de se tornar um artista. Com muita dedicação e um talento natural, aos poucos esse sonho foi se tornando realidade a ponto de aos 20 anos ele já se destacar, inclusive realizando shows em toda a região.
Foi num destas apresentações que, na volta, dia 23 de julho de 2016, a carreira do jovem promissor da música sertaneja se findou e um pedaço do coração de sua mãe foi arrancado. O carro em que ele estava se chocou contra um poste e pegou fogo.
“Para mim foi um choque muito grande. A gente espera tudo na vida, menos isso”, disse Zélia que não consegue explicar o que se passou no instante em que recebeu a trágica notícia. Porém, o que apareceu após isso foram os incansáveis ‘porquês?’de tudo aquilo. “Após isso, eu pensei:Senhor que seja feita a sua vontade, mesmo não sabendo da gravidade”, completou.
“Superar? Não sei se é a palavra certa”
Deus, a igreja e a fé são circunstâncias definitivas em sua vida, principalmente após todo o momento conturbado que ainda deixa marcas presentes no dia a dia. “Superar?Não sei se é a palavra certa, ‘aceitar’ também não sei se é, pois, hoje ficou a saudade, que é muito dolorida e não tem como te dizer”, conta.
Porém, com os olhos cheios de brilho e vontade de viver, Zélia disse que passar por essa situação foi um grande divisor de águas e apresentou o tamanho de sua força. “Algumas pessoas falam ‘mas se fosse comigo né, seria diferente’ e a gente mesmo costuma dizer. Temos força e acaba superando! Ter fé é a fé que faz a gente superar isso. Nos ajuda aviver.”
Vazio que não será preenchido
Hoje, após quatro anos sem a presença do filho, ela vive com o seu marido José Alves de Lima e a filha de 12 anos, Marina Alves de Lima eprocura fazer tudo o que gosta e viver para se fazer feliz. “Porque se eu não fizer isso como vou trazer felicidade para a minha filha, para o meu marido porque ficou um vazio muito grande. Vazio que não vai ser preenchido nunca”, falou Zélia.
Depois de todo o acontecido que a família foi perceber o quanto ele era querido por outras pessoas, Zélia dimensiona que nem ele teria noção disso. “Até hoje quando as pessoas perguntam:‘nossa, mas você é mãe do Pedro Lima’ é um orgulho, porque nunca ninguém falou nada dele que o desabonasse, o ser humano o caráter que ele era”, completou.
Além disso, ela conta que os momentos em sua vida começaram a ser vistos de um modo diferente. “Coisa que às vezes para mim tinha importância naquela época, hoje, não tem importância nenhuma e vice-versa”.
Sobre o panorama de sua vida após sua perda ela afirma que a forma de ver, de pensar e aceitar as situações principalmente, mudaram. “Hoje você vê esse momento de pandemia, para mim isso é muito pequeno perto do que passei. Porque acho que a dor maior que um ser humano pode passar é a dor da perda de um filho, para mim não existe maior que isso”, relatou.
Viver
Quando perguntada sobre a vida, que com certeza é o motivador mais autêntico para ver novas perspectivas. “Vivo em função de Deus, para fazer o bem e no futuro me encontrar com ele, porque tenho certeza que do ser humano que ele era, está do lado de Deus. Sempre penso que vivo um dia a menos para me encontrar com ele”, concluiu.