O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE, apresentou queda em junho, com variação de -0,89%. No primeiro semestre, os preços registram diminuição de 0,30%. Em um ano, a alta nos preços atingiu 0,06% e, se comparada a junho de 2016, a inflação em 12 meses foi de 13,76% naquele mês. Com isso, neste período, a queda de maneira persistente e expressiva disponibilizou valores mais competitivos e ofertas aos consumidores.
De acordo com Rodrigo Mariano, Gerente de Economia e Pesquisa da APAS, a inflação em 12 meses, em junho, é a menor desde dezembro de 2009, quando foi registrada queda de 0,16%.
Já a variação de -0,89% no mês de junho, segundo o economista, é a menor para o mesmo mês desde 2010 (-1,03%). Assim, como ocorrido em 2009, quando a inflação foi beneficiada pelo comportamento mais estável dos preços dos alimentos, o índice tem se mostrado estável e em tendência de queda, devido à contribuição dos preços dos mantimentos, que têm registrado estabilidade e, em alguns casos, redução nos valores.
“A crise econômica, ao afetar negativamente o emprego e a renda da população, contribuiu para uma demanda reprimida, que se refletiu na queda no consumo das famílias, colaborando para menor inflação. Aliado a isto, a maior disponibilidade de produtos, principalmente os agrícolas, tem contribuído para uma inflação mais comportada dos alimentos in natura”, afirma Rodrigo. Assim, a queda nos preços dos supermercados, em junho, se deu, principalmente, pela diminuição dos valores destes itens e pela queda nos preços da carne e de seus derivados.
Os preços dos Produtos In Natura registraram redução de 7,34%, com destaque para os tubérculos, com retração de 10,87%, em relação aos preços da batata (-14,91%) e cebola (-13,18%). Em um ano houve queda de 21,61% nos preços destes itens e, no acumulado de janeiro a junho, queda de 4,19%.
Os valores dos industrializados apresentaram ligeira diminuição, com variação de -0,62%, relacionada aos preços de Derivados do Leite (-1,53%) e da Carne (-1,48%).
Os preços dos Semielaborados (Carnes e Leite) mantiveram a estabilidade (0,0%). Por outro lado, houve elevação nos preços dos Cereais (5,59%), diante do aumento do valor do feijão (22,79%), que foi contrabalanceado pela queda na valoração de Carnes Bovinas (-2,42%).
As bebidas alcoólicas apresentaram variação de 0,43%. Já as não alcoólicas registraram alta de 0,51%, relacionada, principalmente, aos preços de refrigerantes (0,39%).
Os produtos de limpeza obtiveram alteração de 0,76% e os artigos de higiene e beleza apontaram relativa estabilidade, em -0,01%.
Na avaliação desde a criação do Plano Real, em 1994, o IPS/APAS apresenta acúmulo de 219,66%. Já o IPCA/IBGE (Brasil) tem alta de 463,67%; o IPC-FIPE, aumento de 351,82% e o IPA/FGV variação de 614,31%. Assim, a evolução dos preços ao longo dos anos aponta uma elevação moderada no setor supermercadista, diante de sua característica de concorrência, em que os ganhos de eficiência e produtividade, aliados às constantes negociações junto à indústria, possibilitam preços mais competitivos aos consumidores.
“Em junho, as variações negativas estiveram presentes em 56,76% dos itens, de acordo com o índice de difusão (proporção das variações de preços negativas), ficando acima da média para os últimos 12 meses, que é de 44,58%. Isso demonstra maior quantidade de produtos com sinais de desaceleração e de quedas nos preços ao longo deste mês”, comenta o economista Rodrigo Mariano.
Expectativa
Segundo os dados do IPS, entre julho e agosto serão observadas elevações principalmente nos preços das frutas, legumes e verduras. O leite também tende a sofrer aumento nesta época do ano, diante da entressafra. Aliado a isto, o último trimestre de 2017, que compreende os meses de outubro, novembro e dezembro deve registrar alguma elevação nos preços. “De qualquer forma, os valores se manterão mais comportados, se comparados a 2016, contribuindo para a retomada do poder de compra da população com reflexos positivos nas vendas do setor de supermercados”, finaliza Mariano.