João Henrique Cassiano senta no banco dos réus acusado de esfaquear e jogar jovem de prédio no Parque das Nações
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
O Fórum da Comarca de Votuporanga realiza no dia 11 de novembro no Tribunal do Júri, às 9h, um dos julgamentos mais aguardados e de maior comoção popular da história recente do município. João Henrique Rodrigues Cassiano, o indivíduo conhecido por “Buiú”, senta no banco dos réus acusado de esfaquear e matar a jovem Aline Camilla da Silva Barbosa, de 23 anos, em fevereiro de 2014 em um prédio no Parque das Nações, Zona Norte da cidade.
O crime gerou repercussão nacional na época por conta da fuga de Buiú após o crime, em que desafiou a polícia ameaçando familiares de Aline por meio de uma conta em uma rede social. João Henrique fugiu para o litoral pegando carona em trens, foi para Santos, onde um ano depois acabou matando também de forma cruel outra namorada, Mariângela Morais, que teve o corpo incendiado. No mês passado, ele foi condenado a 16 anos de prisão pelo homicídio no litoral.
Ele cumpre sua pena na região de Santos, mas no dia 11 de novembro, retornará escoltado a Votuporanga, onde será julgado. Antes disso, no dia 20 de outubro, a Justiça local realiza, às 13h15, o sorteio de 25 nomes que deverão estar presentes no julgamento, para a formação do Conselho de Sentença, em que sete deles definirão se há culpa e autoria do réu.
Acusação
Segundo a denúncia do Ministério Público, o acusado agiu por motivo fútil, valendo-se de meio cruel e empregando recurso que dificultou a defesa da vítima, desferiu golpes de canivete contra Aline, empurrando a moça da janela de um apartamento do “Edifício Grajaú”, ainda com vida.
O réu estava foragido, mas foi preso em outubro do ano passado. Segundo o MP, vítima e assassino mantiveram uma relação amorosa, que havia terminado na época do crime. Buiú não aceitava o fim do casamento e a ameaçava de morte, pois havia descoberto uma eventual traição por parte dela, durante o tempo em que ele estava preso.
No dia dos fatos, devido à insistência de João Henrique, a vítima foi até a casa dele, no apartamento, com objetivo de levar a ex-enteada dele para uma visita e para conversarem. Durante a conversa, a criança e a sobrinha da vítima, que a acompanhava, ficaram no pátio externo do edifício.
Na saída de Aline, Buiú teria trancado a porta, impedindo que a moça deixasse o local. Em poder de um canivete, João Henrique atacou Aline, aplicando vários golpes contra o rosto dela, que tentava se defender com as mãos. Ao tentar fugir, João Henrique acertou Aline nas costas, ombro, nuca e na parte posterior do crânio. Não satisfeito, o assassino teria empurrado a vítima, ainda com vida, da janela do apartamento, localizado no terceiro andar.
A versão de Buiú
Em audiência de instrução realizada sobre o caso no Fórum da Comarca, em agosto, os advogados Fábio Luiz Binati e Rafael Tiago Masquio Puglia, responsáveis pela defesa do réu, falaram ao A Cidade que trata-se de um crime passional e contaram detalhes do depoimento do réu. “Quando ele preso por tráfico de drogas, antes do homicídio, ela visitava ele normalmente, escrevia cartas e dizia que iria esperar ser solto. Entretanto, traía o Buiú.”
Ainda segundo a versão, “João Henrique desconfiava e quando ele saiu, teve certeza da traição. No dia do crime, o que revoltou ele foi que a Aline confessou, deixando João Henrique transtornado e violento. Foi um crime de amor, porque ele estava sendo traído. Isso, nas palavras dele, que assumiu honestamente cada detalhe do crime”, comentou o advogado Fábio.
O advogado disse que Buiú assumiu que apanhou um canivete e foi então para cima da vítima. “Ele atingiu um golpe entre o pescoço e as costas. Daí por diante nem soube dizer quantos golpes a mais aplicou. A versão dele é de que após os golpes, ela tentando fugir pulou da janela do apartamento. Na versão dele ela se jogou na tentativa de se salvar”, afirmou o defensor.
Fábio Binati concluiu, dizendo que na narração de Buiú, “foi um crime de amor mesmo. Ele nunca deixou de negar que amava ela. Ele reafirmou que amou ela demais”. No depoimento, João Henrique também afirmou que após o assassinato de Aline fugiu de Votuporanga em um trem, com destino final na baixada Santista, onde ficou por um ano como morador de rua, até ser preso.