Titular da DDM acredita que as mulheres são responsáveis pela sociedade machista por falta de orientação na educação dos filhos
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
A delegada titular da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Votuporanga, Edna Rita de Oliveira Freitas, comentou ontem os casos de estupro registrados em Votuporanga nos últimos meses. Segundo ela, a grande maioria dos casos é de autoria conhecida das vítimas, e ocorre até dentro do âmbito familiar. Ela também opinou sobre a questão da “cultura do estupro”, tema que causou grande repercussão após o caso da jovem de 16 anos abusada por 33 homens, recentemente, no Rio de Janeiro. Para a delegada, as mulheres têm culpa no cenário da “sociedade machista”, por não ensinarem os filhos a ter respeito com as próprias mulheres.
Em entrevista, Edna Rita disse que, na experiência dela, hoje em dia, os cuidados pelas ruas não devem ser as maiores preocupações da mulheres votuporanguenses, já que ataques de estupradores são raridade por aqui. O que deve ser prioridade é uma mudança de cultura. “Eu entendo que a nossa sociedade ainda é machista. E se as mulheres sofrem esse tipo de ato por conta dos homens, a culpa é delas mesmas. Afinal, quem educa filhos? A mulher. Então nós temos que mudar essa cultura”. Ainda segundo a titular da DDM, “a mãe tem que começar a educar o filho a respeitar as outras mulheres. Não é o que ela veste ou o que ela fala, que dá abertura para o homem tomar um iniciativa de violência e abuso. Então, eu acho que as grandes culpadas da sociedade machista são as mulheres, que são as educadoras e têm que mudar a mente do homem”.
Casos em Votuporanga
A delegada também comentou sobre os 13 casos de estupro registrados em Votuporanga entre os meses de janeiro a abril de 2016.
Segundo ela, a maioria dos abusos que acontecem em ambiente familiar são casos de estupro de vulnerável, com pessoas menores de 14 anos de idade. “Um familiar ou alguém muito próximo da família que abusa de uma criança, de até 14 anos, que não tem a capacidade de entendimento, segundo a Lei”.
Ela explicou que a DDM de Votuporanga trabalha em comunhão com uma rede de atendimento para amparar essas vítimas de abuso sexual. “A escola identifica um caso de suposta violência, a delegacia é comunicada. É feito um boletim de ocorrência, a vítima faz exame de corpo de delito, e se houve conjunção carnal, é feito um trabalho com a Saúde, com ações preventivas de doenças contagiosas e prevenção de gravidez, se for o caso. E também encaminhamos para o Creas (Centro de Referência Especializado em Assistência Social), para acompanhamento psicológico, se for o caso”.
Cultura do estupro
A delegada também comentou que as ocorrências relacionadas à chamada “cultura do estupro”, são raras em Votuporanga. “Casos da vítima ter dado causa por se expor de uma determinada forma ou utilizar certo tipo de roupa, nós não temos. No último um ano e meio foram registrados apenas dois casos de origem desconhecida”.
Em um deles, a pessoa foi abordada por um agressor desconhecido que pode ter agido por vingança, por conta de um relacionamento anterior que a vítima teve. O outro caso é de uma criança abordada por um desconhecido, também não identificado, que tento arrastá-la para praticar um ato libidinoso.