Dois a cada cinco motoristas abordados com sinais de embriaguez fogem do bafômetro na BR-153, em Rio Preto
Dois a cada cinco motoristas abordados com sinais de embriaguez fogem do bafômetro na BR-153, em Rio Preto. De janeiro de 2015 a abril de 2016, cerca de 40% dos motoristas se recusaram a fazer o teste que comprova presença de álcool no sangue. No período, 322 condutores foram parados pela Polícia Rodoviária Federal e 138 deles não assopraram o aparelho. Nas rodovias estaduais, a situação é parecida. Todos os dias, mais de um motorista pego pela Polícia Rodoviária Estadual com suspeita de embriaguez se recusa a fazer o teste. Desde janeiro do ano passado, 683 condutores fugiram do bafômetro.
A postura do motorista embriagado em recusar o teste não é à toa. Se for comprovado que ele está bêbado, vai preso em flagrante. A recusa dá a chance de brigar na Justiça para evitar a prisão. Mesmo assim, ele paga multa de R$ 1,9 mil e tem recolhidos a CNH e o veículo. A partir de novembro de 2016, porém, isso vai mudar. Entrará em vigor uma alteração na legislação do trânsito, que aumenta o valor da multa para R$ 2,9 mil. Além da apreensão do veículo e da CNH.
Para o tenente da Polícia Rodoviária Estadual Maurício Noé Cavalari, a nova lei virá para tentar acabar com os acidentes provocados por embriagados que causam até mortes. “Quem sabe com maior rigor e alto valor da multa, as pessoas comecem a pensar duas vezes antes de beber e depois dirigir.” O assunto é preocupante, porque 21% dos acidentes de trânsito são provocados por embriaguez ao volante, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde.
No ano passado, o motorista Leandro de Souza Correa foi denunciado pelo Ministério Público por embriaguez ao volante e homicídio qualificado. Em março de 2015, após ingerir bebida alcoólica, Correa colidiu com uma motocicleta em que seguiam um sargento do Corpo de Bombeiros e sua noiva. Com o impacto da batida, o casal morreu. Correa será submetido ao Tribunal de Júri. O número de motoristas que se recusam a fazer o teste subiu nas rodovias estaduais que cortam a região. No ano passado, 26% dos abordados não passaram pelo exame. Em 2016, até abril, 34% não assopraram o bafômetro.
Nova mudança
Essa alteração na legislação não é a primeira disposta a coibir a fuga do bafômetro. Em novembro de 2014, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) endureceu as regras. Até então, os motoristas alcoolizados tinham a chance de escapar de punições. Mesmo que eles apresentassem olhos vermelhos, voz pastosa e hálito de bebida alcoólica, sinais claros de embriaguez, os policiais apenas poderiam colocar nos relatórios os indícios.
Mas estes argumentos poderiam ser contestados judicialmente e o infrator escapar da punição. A partir do final de 2014, a tática dos bêbados ao volante começou a dar errado. Com a mudança do Denatran, a palavra do policial tornou-se suficiente para a multa ser aplicada ao motorista e o veículo e a CNH ser apreendidos.