Após reportagem no A Cidade, Paulo Assunção, o Juruna, ganhou moto de pessoa que se sensibilizou com história do sobrevivente
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
O votuporanguense Paulo Sérgio Candido Assunção, o popular “Juruna”, de 45 anos, que virou notícia nas páginas do A Cidade após passar por 10 horas de sofrimento dentro de um carro capotado em uma ribanceira no mês de março, aos poucos, tenta dar a volta por cima. Apesar de ter sobrevivido sem sequelas do acidente, ficou sem seu automóvel, único meio de locomoção que tinha, destruído no capotamento, o que lhe rendeu muitas dificuldades, já que pesa quase 180kg e tem dificuldades para caminhar.
Entretanto, com a ajuda de amigos e principalmente de pessoas da sociedade que se sensibilizaram após a reportagem do relato de Juruna ser publicada nesse periódico, a situação começa a mudar. Paulo Sérgio divulgou ontem que após a história que conta sua experiência, das horas que ficou sozinho e sem saber se seria resgatado com vida, ter sido publicada, no dia 3 de abril, ele recebeu ajuda e até a doação de uma motocicleta.
Juruna ganhou da pessoa uma motocicleta Honda CBX 150, ano 1990, que apesar de não servir para a locomoção dele, será rifada em uma ação entre amigos. Foram confeccionados 700 cupons, que estão sendo trocados ao preço de R$10 cada. O sorteio será no dia 6 de agosto, pela Loteria Federal.
“A reportagem em que contei o que passei no acidente rendeu multas manifestações de apoio. Ganhei essa moto, que infelizmente não posso usar por conta do meu estado físico, mas que vai me ajudar a comprar um carro de novo. Conto com o apoio de quem puder me ajudar”, afirmou Paulo. Os cupons da rifa poderão ser adquiridos no domingo pela manhã, no estabelecimento comercial “Barbarrala”, na rua Tietê, onde ele trabalha vendendo espetos. Juruna divulgou o telefone 99705 5200 para quem quiser mais informações.
A vítima
Pesando 178kg, Juruna é figura muito conhecida em Votuporanga e foi, inclusive, personagem de uma reportagem publicada no A Cidade em 2012, sobre a fila de 1.200 pessoas que aguardavam cirurgia bariátrica na região. Hoje, ainda sem passar pelo procedimento cirúrgico, assa espetinhos em um bar muito popular da cidade e, naquele fatídico dia, um domingo à noite, viu a morte, seguida por uma segunda chance. Ou como ele prefere chamar, um renascimento em sua história.
Segundo ele, durante a noite, por volta das 22h, transitava pela região do Villar III quando, de maneira súbita, sofreu um mal-estar ao volante do carro, um Ford Delrey. “Deu um branco”, relatou. Ao passar por uma descida, o veículo teria ficado sem freio, inclusive o manual. Ao chegar ao final da via que transitava, no cruzamento com a rua Arquimedes Brunini, tentou fazer a curva em alta velocidade, mas não conseguiu. O carro bateu as rodas na sarjeta, capotou e rodou de quatro a cinco vezes no ar, ficando imobilizado abaixo de uma ribanceira, a cerca de três metros de altura do nível da rua, tombado sobre a porta do passageiro.
Até que, por volta das 8h da segunda-feira (14), quando o sol já raiava forte, ouviu o barulho do motor de um trator. Ele diz que conseguiu soltar um grito fraco, com o que lhe restava de voz. Também bateu no painel do carro. O barulho e a imagem do carro capotado teria chamado a atenção da pessoa que estava no trator que, segundo Juruna, se chama Marcelo, que foi até o carro e ajudou a por fim ao martírio. “Quando me acharam, só pedia água, mas o Marcelo não tinha”. Imediatamente, o homem acionou o Corpo de Bombeiros, que teve que serrar o teto do carro, para só então retirar, com esforço de vários homens, a vítima do local. “Foi um alívio”.