O corpo foi velado no próprio asilo e o sepultamento ocorreu às 14h de ontem, no Cemitério Parque Jardim das Flores.
Faleceu em Votuporanga aos 84 anos o senhor Jorge Machado Marques, mais conhecido como Caíca. Ele era muito popular na época de vendedor de bilhetes da loteria. Caíca vivia atualmente no Lar São Vicente de Paulo. O corpo foi velado no próprio asilo e o sepultamento ocorreu às 14h de ontem, no Cemitério Parque Jardim das Flores.
A história
Quase todo Votuporanguense conhece Jorge Machado Marques, ou melhor, Caíca ou Caic, como é chamado. O querido senhor que por tempos foi morador de rua e vendedor de bilhetes da loteria, viveu os últimso anos de sua vida bem cuidado no lar de idosos da cidade. Em reportagem publicada em 2014 pelo A Cidade, o idoso contou que sentia falta da rua, onde fazia amizade e trabalhava.
Porém, depois de ser surpreendido por dois homens que o agrediram, ele precisou se proteger e foi morar no Lar São Vicente de Paulo. Caíca nasceu no dia 22 de abril de 1932, no registro consta a cidade de Orindiúva-SP, mas ele diz ser do município de Paulo de Faria. Filho de Pedro Machado Marques e de Madalena Maria de Jesus, Caíca lembra-se que tem uma irmã viva, Adair Machado Marques. Dos outros, não conseguia falar o nome.
Ele contou ainda que teve um irmão que era pistoleiro e desapareceu. “Juntavam meia dúzia de homens e não seguravam o meu irmão”, falou. No ano de 1944, Caíca decidiu viver em Votuporanga, o endereço, as ruas da cidade. Não se casou nem teve filhos. Ele andava se apoiando em um carrinho de mão, e por fim, usava uma cadeira de rodas para se equilibrar de pé. “Trabalhei no café, na colheita e também carpindo café nos Fava. Também já recolhi recicláveis e vendi bilhetes de loteria”, lembrou.
Da venda dos bilhetes, os moradores de Votuporanga dizem que Caíca foi sorteado uma vez, versão que ele confirmou. O que fez com o dinheiro? “Meus parentes que moram em São Paulo levaram. Só uma parte ficou comigo para eu comer”, fala.
No lar dos idosos, Caíca repetia incansavelmente que queria voltar para as ruas. “Estou aqui porque me atacaram. Ladrões me pegaram em frente a uma sorveteria da cidade”. Todos do município que visitavam algum parente no lar, aproveitavamm para bater um papo com Caíca. A família também, às vezes, o procurava por lá.
Passeio
No domingo, dia 7 de setembro de 2014, Caíca foi surpreendido com uma novidade. Juliano de Souza Silva, o empresário Juliano Bombom, buscou-o para um passeio na cidade. “Conheço o Caíca desde a minha infância. Daquela época, lembro que as pessoas tinham medo dele, eu também, mas ele sempre foi uma pessoa boa. Tinha vários apelidos, a molecada atentava muito ele. Caíca sempre trabalhou, nunca aceitou nada de ninguém e ainda comprava pão para algumas entidades assistenciais”, contou Juliano.
Durante o passeio, ele relatou alguns fatos históricos da cidade para Juliano, também fala o nome de ruas e praças. “Quando passamos perto do posto do Vilar, Caíca ria e chorava, porque se lembrou de quando morava lá. Foi muito bem vê-lo limpo e bem cuidado no lar dos idosos. Por outro lado é triste saber que ele foi feito para o mundo e está em um local fechado, mas é o que é mais seguro para ele. Caíca é grato pela vida e feliz do jeito dele”, finalizou Juliano.