Familiar da jovem assassinada revela período de angústia e sentimento de impunidade após crime que comoveu a cidade
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Um ano e oito meses de angústia. Assim foi a rotina de familiares da jovem Aline Barbosa, morta aos 23 anos de idade pelo ex-companheiro João Henrique Rodrigues Cassiano, o indivíduo conhecido por “Buiú”. Durante o período que o meliante ficou foragido, a rotina da família foi de puro medo, tanto que irmãos e a mãe da vítima tiveram até que mudar para outras cidades, após ameaças de morte vindas do assassino.
Ontem, a reportagem do A Cidade teve contato com uma das irmãs da Aline. Andreia Benedita de Oliveira, de 36 anos, deu detalhes do período de temor vivido durante a fuga do acusado, o choque da notícia de uma segunda vítima em Santos, seguido pelo alívio da prisão e o atual desejo de justiça.
Andreia disse que o homicídio de Aline com 13 facadas, no edifício Grajaú, Parque das Nações, no dia 16 de fevereiro de 2014, foi um choque, mas que a impunidade que veio a seguir tornou a situação ainda mais dolorosa. “A sensação é de que quem tem dinheiro consegue tudo, e a gente que é pobre, não iria viver para ver a justiça ser feita. Ficamos sentidos que precisou acontecer outra tragédia, que destruiu mais uma família, para ele (Buiú) finalmente ser preso”, disse.
Segundo a irmã de Aline, pouco tempo após o crime, Buiú teria feito ameaças por mensagens e até aparecido pessoalmente na frente de familiares. “Tivemos que mudar da cidade por medo”, revelou. De acordo com ela, alguns foram para Valentim Gentil, outros para General Salgado e, recentemente, retornaram para Votuporanga. “Foi um ano e oito meses de medo. A gente ficava preocupada que ele pudesse fazer ainda mais maldades com a família”.
A prisão de Buiú aconteceu no dia 14 de outubro desse ano, no centro do Guarujá. Ele estava sendo procurado pela polícia da baixada santista apontado como assassinato de outra companheira, também de maneira cruel. Segundo a investigação, após agredir, ele ateou fogo na namorada Mariângela Morais, de 30 anos de idade, no bairro José Menino, em Santos. O caso aconteceu na madrugada do dia 8 de agosto de 2014, na Praça Washington.
Mariângela teve 90% dos braços, do rosto e do tronco queimados, inclusive com queimaduras internas. Ela ficou internada, em coma, até o dia 24 daquele mês, quando morreu.
A irmã de Aline, Andreia, disse que a notícia da morte da segunda vítima deixou sua família ainda mais consternada, temorosa e desacreditada com a justiça. “Eu achava que ele não ia ser preso. Fiquei em choque ao saber que outra inocente precisou ser morta. Queria dar um abraço nos familiares da moça, da Mariângela, e consolar. Sabemos a dor que eles sentem”.
Alívio
Ainda segundo a parente, a prisão de Buiú tirou um peso gigantesco dos ombros da família da jovem votuporanguense, que espera agora condenação máxima para o assassino confesso, em ambos os casos, para que ele “pague pelos crimes e envelheça na cadeia”, e emendou: “para a família, o Buiú foi um falso que abusou da confiança para atacar a Aline como uma serpente”.
A jovem deixou uma filha, ainda criança, fruto na união com Buiú, que é criada pelos tios e avó. Com o desejo por justiça ainda mais inabalável, Andreia concluiu que “a lembrança da Aline permanece. “Dela rindo, brincando, dançando em casa, sempre naquela amizade de irmãos. Acredito que o julgamento será lotado, devido ao grande círculo de amizades que a Aline tinha. Percebemos isso no velório dela, quando centenas de pessoas, abaladas, foram se despedir”. Buiú permanece preso em Santos e aguarda os trâmites dos processos na justiça.