Segundo investigação da Polícia Civil e Gaeco, documentos apreendidos na Prefeitura apontam irregularidades em processo
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
A Polícia Civil e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público concluíram na última sexta-feira (31) mais uma etapa da “Operação Q.I”, deflagrada no dia 16 de junho com buscas em várias prefeituras da região, e informou que o grupo supostamente chefiado por uma vereadora de Pradópolis (SP) fraudou ao todo 35 licitações e 27 concursos públicos em cidades no interior de São Paulo e em Goiás. Na região de Votuporanga, segundo a investigação, a análise dos documentos apreendidos comprovaria fraude em licitação em Valentim Gentil e que o secretário de Planejamento do município é considerado suspeito de participar do esquema.
Vinte e nove pessoas foram indiciadas até o momento e 15 já estão presas em caráter preventivo. Um empresário envolvido nas fraudes continua foragido.
Entre os suspeitos apontados pelo Gaeco está José Carlos Medeiros, secretário de Planejamento de Valentim Gentil. Ele é acusado de fazer ajustes para que a empresa que supostamente gerenciava as fraudes em licitações, a Gerencial Assessoria Técnica Especializada, vencesse processo de contratação para prestar assessoria à prefeitura. Como seriam esses “ajustes” não foi divulgado.
Um serviço prestado pela empresa Gerencial ao município de Valentim, publicado em edital, foi a coordenação de um processo seletivo destinado ao provimento de 90 vagas para profissionais de todos os níveis de ensino, com avaliação realizada em setembro de 2014. As vagas disponíveis na época eram para contratação de agente de controle de vetores, agente de serviços gerais (feminino), agente de serviços urbanos, agente de telefonia, auxiliar administrativo, auxiliar de consultório dentário, auxiliar de desenvolvimento infantil, enfermeiro, farmacêutico, fonoaudiólogo, inspetor de alunos, monitor de creche, monitor de educação especial, motorista, operador de máquinas rodoviárias, pedreiro, professor (educação básica, educação física, língua inglesa, libra e braile), técnico de enfermagem e vigilante municipal.
Entretanto, segundo o Gaeco, a princípio, a fraude teria se dado apenas no processo de licitação que culminou na contratação da empresa Gerencial, e não na aplicação de concursos.
A reportagem do A Cidade entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura de Valentim Gentil na noite de quarta-feira (5) e solicitou informações sobre as acusações. Entre os questionamentos, se o governo municipal havia sido informado das declarações do Gaeco e Polícia Civil, qual concurso é investigado, o posicionamento frente à situação e se o secretário de Planejamento tem algo a comentar sobre a acusação da suspeita de participação em fraude. Até às 19h de ontem, não houve resposta.
Prosseguimento
Segundo o delegado de Ribeirão Preto, Gustavo André Alves, que comanda as investigações, os relatórios que detalham o que foi apurado até o momento serão encaminhados às cidades onde foram identificadas as fraudes, afim de que os inquéritos sejam concluídos. O delegado não descarta que novos suspeitos sejam indiciados nessa etapa, inclusive funcionários públicos e até prefeitos.
“As cidades podem expandir [as denúncias] em relação à comissão de licitação, ao envolvimento de funcionários públicos, mas o crime em si já está bem delineado. Então, podemos ter inúmeros processos novos contra as empresas investigadas”, disse.