Primeiros casos são da região de Ribeirão Preto; em dez dias, MP espera concluir a análise das documentações apreendidas
A Polícia Civil identificou oito servidores que teriam sido beneficiados pelo suposto esquema de fraudes em concursos públicos, liderado pela vereadora de Pradópolis (SP) Marlene Aparecida Galiaso (PV), presa com outros 16 suspeitos durante operação da polícia e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Na terça-feira (16), prefeituras da região de Votuporanga, como Valentim Gentil e Fernandópolis também tiveram documentos apreendidos e concursos e admissões em cargos públicos são averiguados nas cidades.
Após a grande operação, que na nossa região, além de Fernandópolis e Valentim, também incluiu cidades como Álvares Florence e Pedranópolis, os primeiros detalhes da investigação começam a ser divulgados, e envolvem inicialmente a região de Ribeirão. Em dez dias o Ministério Público deve terminar a análise dos documentos apreendidos nos órgãos públicos.
O núcleo de investigações de Fernandópolis é um dos mais fortes da operação na região. Na madrugada de terça-feira (16), o promotor do Gaeco Evandro Ornelas Leal foi quem fez as apreensões de documentos e computadores na prefeitura e empresas da cidade. Representantes da empresa Persona Capacitação foram presas e levadas para Ribeirão Preto.
Um dos delegados que comandam a operação, Gustavo André Alves afirmou que seis pessoas prestaram depoimento na última quinta-feira (18) e explicaram detalhes de como o esquema funcionava. Os envolvidos ainda apontaram os nomes dos candidatos cujos gabaritos foram adulterados para que fossem aprovados nos concursos, entre 2014 e 2015.
Entre os beneficiados, quatro estariam atuando na Prefeitura de Jaboticabal (SP), outros três na Prefeitura de Ipuã (SP) e um na Câmara Municipal de Santa Ernestina (SP). Ainda de acordo com Alves, outros suspeitos de participar das fraudes também foram identificados a partir dos depoimentos.
Após quatro meses de investigações, a polícia e o Gaeco concluíram que Marlene liderava as fraudes em concursos e licitações públicas nas regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Segundo a polícia, os gabaritos de quatro concursos e de dois processos seletivos foram adulterados após a realização das provas, para que pessoas indicadas pelas prefeituras, câmaras ou pela própria vereadora fossem favorecidas.
Alves afirmou ainda que, em alguns casos, integrantes da quadrilha prestavam as provas já sabendo as respostas, com o intuito de obter boa pontuação e figurar entre as primeiras colocações no resultado final. Ao serem convocados, no entanto, os falsos candidatos desistiam.
“A investigação não chegou ao ponto de identificar que o benefício foi em razão de questão partidária. Em alguns foi até em razão de favor da própria organizadora do esquema, e outros a pedido, por exemplo, de vereadores. Mas, não podemos dizer que seja em razão de questão partidária”, explicou.
O delegado revelou também que o esquema pode ter sido aplicado em outros municípios, além dos 31 já identificados nas regiões de Ribeirão e Rio Preto. O Gaeco não descartou o cancelamento dos concursos públicos em que forem comprovadas as fraudes. No entanto, como as investigações realizadas até agora estão na esfera criminal, caberá ao Ministério Público de cada cidade ingressar com ações individuais, pedindo a anulação das provas.
Os 17 suspeitos presos durante a operação Q.I. cumprem prisão temporária por cinco dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período. Os homens foram levados para a Cadeia de Santa Rosa de Viterbo (SP) e as mulheres para a Cadeia Feminina de Cajuru (SP).