*O professor Manuel Ruiz Filho colabora com este jornal -
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Laços de amor, de amizade e laços profissionais são amarras que nos prendem a outras pessoas pela vida toda. Desde cedo nos aproveitamos deles para aproximarmos daquilo que nos ajuda a crescer e a definir o que gostaríamos que fôssemos de verdade. Os laços de amor são indestrutíveis, harmoniosos e verdadeiros. São elos que independem de nossa vontade escolhê-los, somos nós os escolhidos. Os laços de amizade são relacionamentos opcionais, coisas escolhidas a dedo e com todo cuidado possível, dado o estranho mundo que existe dentro de cada um. São pessoas que entram em nossas vidas para nos enriquecer de verdade. Chegam e ficam para sempre. Embelezam nossa alma com o perfume das flores do campo, acordam-nos para o crescimento com a grandiosa ternura de suas sabedorias, humildades e de suas almas simples e dóceis, permanecendo conosco, deixando marcas em nossos corações para nunca mais sermos os mesmos. Laços profissionais são alimentos de construção de abrigo econômico, aqueles que nos ajudam a entender o mundo complicado dos negócios, das trocas e dos interesses. Sem distinção, cada um na sua aplicabilidade nos dá o gráfico da pessoa que podemos nos tornar vitrines propriamente dita.
Essa mistura de conhecimentos e aptidões que todos os laços têm é responsável pelo alargamento de nosso sucesso como seres humanos. A construção nossa de cada dia enriquecida com a aprendizagem dos relacionamentos nos tornam autores de nossos próprios caminhos, nos contempla com dotes da dignidade que todos esperam, mesclada ao espírito crítico e criativo que cada um precisa possuir. Por outro lado, laços amorosos acabam por entrar por caminhos estranhos, complexos e perigosos da informática. Parece que as pessoas perderam os critérios de escolha e por se acharem sozinhas acabam por aceitar encontros obscuros e desnecessários.
Algumas criaturas têm ficado perdidas e desorientadas na busca de laços incertos e desconhecidos pagando preços insuportáveis. “Quem tem sede demais não escolhe a água que bebe”, uma grande verdade. As relações amorosas que sempre tiveram diretrizes e condutas racionais perderam a referência, tornando-se enfermas e incapazes de restabelecer a forma saudável que sempre pautaram. O comportamento da sociedade foi modificado pela modernidade desenfreada a custo de prazeres imediatos. Sites de relacionamentos infestam as máquinas eletrônicas expostas a mãos inseguras que buscam resultados incertos.
A timidez frente aos teclados desaparece cedendo lugar a uma coragem ilusória e imaginária, que se manifesta no vai-e-vem do diálogo sem compromisso e totalmente destituído de seriedade. Os elos desses relacionamentos obtidos de forma inadequada não têm suporte para sedimentar o amor que se precisa ter nas pessoas. Esse não é o amor sério, comprometido e sem fronteiras, que nos prende às pessoas que reciprocamente amamos.