Um dos maiores problemas que temos é a profunda dificuldade em compreender o valor da ciência e da tecnologia para a construção do desenvolvimento.
Embora nossa produção científica e o número de doutores continuem a aumentar, a participação da ciência e da inovação tecnológica no crescimento da indústria ainda é muito pequena e tem sido insuficiente para dar ao país os índices de competitividade necessários ao enfrentamento dos desafios trazidos pela globalização.
A tecnologia e a inovação podem agregar valor aos produtos, tornando as nossas empresas mais competitivas.
Nos anos 90 era costume ilustrar esta questão com a comparação dos preços de um quilo de soja (U$ 0,38), ou de minério de ferro (U$ 0,054) e “um quilo de notebook” (U$ 500,00).
Por que tal comparação? Simplesmente para mostrar como o valor agregado interfere na economia de uma nação.
Com o valor de “um quilo de notebook” podemos adquirir mais de uma tonelada de soja ou quase dez toneladas de minério de ferro.
Evidentemente, as commodities têm um papel muito importante na economia nacional, mas o incremento da competitividade, principalmente na indústria, é determinante para o nosso crescimento.
A inovação pode ser entendida como a exploração bem sucedida de novas ideias.
Embora deva ter sua origem no setor produtivo, em muitos casos ela depende dos resultados que surgem nas bancadas de laboratório, em sua maioria nas universidades e centros de pesquisa. Ela sempre depende da maturidade tecnológica de cada organização.
Em alguns casos, ela pode ser viabilizada por meio da informação e da qualificação profissional ou ainda com modificações nas metodologias e de novas estratégias na fabricação ou na prestação de serviços.
Em outros, pela reengenharia e pela incorporação da metrologia, que possibilita, em muitas situações, a acreditação para um determinado serviço ou produto.
Num terceiro caso, pela introdução de inovações incrementais ou de inovações radicais e que dependem, algumas vezes, das universidades e institutos de pesquisa. Para tanto, torna-se necessário acelerar a articulação universidade-empresa, ainda não totalmente explorada no Brasil.
Por isso, algumas ações devem ser estimuladas, como a adoção de melhores e mais modernas práticas gerenciais, a utilização da infraestrutura existente nas universidades e nos institutos de pesquisa, principalmente nos ensaios que necessitam de equipamentos de elevado custo, a qualificação permanente de seus quadros técnicos, e o estímulo à atuação em regime de cooperação com outras empresas.
Além disso, quase todas necessitam de um forte apoio nas matérias concernentes à propriedade intelectual.
Logicamente, um dos pontos mais críticos na busca pela competitividade está na garantia de infraestrutura para que assegure o escoamento da produção e a inserção do setor produtivo no comercio internacional.
No olhar da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a competitividade depende ainda da forte articulação entre as políticas comerciais e tecnológicas, da descentralização aos níveis regionais dessas políticas, e da participação expressiva dos governos na promoção da investigação.
Estamos numa época em que a área econômica do governo procura criar mecanismos que assegurem o aumento dos índices de empregabilidade e a maior geração de renda, de forma a impulsionar as compras e a economia.
Seria muito oportuna a adoção de políticas que promovam a melhoria dos índices de competitividade e uma presença maior do Brasil no comércio global.
Estes são dois grandes desafios para 2017. Tomara que consigamos enfrentá-los com sucesso.