O homem sempre que pode deixou aflorar sua verdadeira personalidade quando controlou algo que se locomovia mais rapidamente do que ele. Na época áurea dos cavalos, muitos “machões” faziam barbárie em cima do animal, numa demonstração de dependência existencial de algo que os colocasse em vantagem aos demais.
Com a modernidade, e o surgimento das máquinas, o homem passou a buscar recordes de velocidade a qualquer custo, como se isso o fizesse superior ao mundo. Muitos estudiosos da mente humana dizem que é possível fazer uma análise, ainda que superficial, do ser humano apenas pelos adesivos fixados em seu automóvel.
Em Votuporanga vivemos um tempo peculiar. Temos uma frota enorme de carros e motos, devido às facilidades de compra, que circulam pela cidade por todos os lados. O trânsito ficou caótico e a secretaria de trânsito teve que intervir. Um trabalho muito difícil, pois a cidade tem alguns gargalos, herança de uma cidade pequena que cresceu, e muito, nos últimos anos.
Uma das mudanças foi a criação de um anel central que dividiu opiniões, porém deu sim, mais agilidade no tráfego. Esse anel veio acompanhado de faixas de rolagem, que permite a circulação de dois carros. Só que tem alguns motoristas que preferem levar as duas faixas ao mesmo tempo, e o retrovisor é apenas um acessório inútil. Os motoqueiros, por mais que você dê o lado esquerdo para ele ultrapassar, preferem vir pelo direito, sem contar que as vezes ultrapassam, e logo viram para esquerda na próxima esquina, cruzando na frente do carro, o excesso de velocidade é uma constante. Todo mundo acha que é o dono do pedaço.
Outra mudança muito significativa foi a implantação dos chamados semáforos inteligentes. Todavia, os mesmos, as vezes param de funcionar. Na semana que passou, o cruzamento da Avenida Brasil com a José Marão Filho, ficou sem semáforo e sem guarda. As 6:30 da manhã, parecia Nova Deli na Índia. Todo mudo passando ao mesmo tempo, e com muita pressa.
Já na Euclides da Cunha, onde todo mundo deveria andar em fila indiana, devido as obras de duplicação, os motoristas preferem se arriscar em ultrapassagens absurdas, e o resultado é que o pátio da polícia rodoviária está se tornando um depósito de sucatas com cheiro de morte.
A educação de trânsito, deveria ser uma matéria do currículo escolar desde o primário, pois o indivíduo deveria sair da escola com o toda a parte teórica, o que inclusive diminuiria as fraudes. Entretanto isso iria mexer drasticamente no universo das autoescolas, e muita gente não gostaria que isso acontecesse.
Enquanto isso, vamos vivendo com os riscos de um trânsito formado por pessoas que se acham pilotos, mas que não sabem nada de direção defensiva.
*Antônio Lima Braga Júnior
toninho.braga@hotmail.com
Votuporanga - SP