Grazi Cavenaghi (Foto: Divulgação)
“Eu sonhava que a vida fosse alegria. Despertei-me. A vida é serviço. Então, servi, e no serviço encontrei alegria.”
Rabindranath Tagore
Hoje, eu troco o nosso tradicional “seja incrivelmente bem-vindo” por essa frase. Pela minha alegria em estar aqui neste espaço InspireAção no Jornal A Cidade, servindo vocês. E também por essa nova fase, essa nova era que começa, onde eu realmente tenho a certeza de que interiorizei o servir na minha vida.
Hoje, quero agradecer a você que me acompanha todos os sábados, fechando a semana de forma tão especial, para que possamos ser mais conscientes de quem somos: e do poder incrível de realização que temos, para cumprir a promessa que Deus escreveu para cada um de nós. Essa promessa está registrada no livro mais livre do mundo, a Bíblia, em Jeremias 29:11:
“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor, ‘planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro.”
“Mas, por que nova era, Grazi?”
Porque eu começo o meu ano novo. Fiz aniversário no dia 15. Quarenta e sete anos. Dá para acreditar?
Quando olho para trás: e a minha história é o que me traz até aqui, é o que me faz estar neste presente, eu digo: uau! Mas… cadê aquela menininha?
Aquela menininha que esperava o Papai Noel chegar.
Aquela menininha que morava na sede da fazenda do meu avô paterno.
A menininha de botas ortopédicas — sim, alguém aqui já usou? — para corrigir os pés.
A menininha que andava de cavalo, andava de trator com o pai, corria pela plantação de café, arroz, milho, brincava naquela fazenda em cada espaço.
Aquela menininha que adorava ir à segunda sede da fazenda, onde havia um curral gigante: e eu adorava brincar ali. E tinha também o curral dos porcos. Gente, os porcos eram muito bem cuidados. O curral era baixinho, e eu brincava de casinha, abrindo e fechando as portinhas. Ah, e o moenda de cana que ficava logo abaixo: a gente girava, girava, e eu achava tudo aquilo mágico. E o rio… Ah, o rio! Lindo, encantador. Era a minha praia, explorava, atravessava o rio para o outro lado da fazenda, pegava flores, mudas, vivia mil aventuras.
Do outro lado do rio, tinha uma casa simples, de chão de terra. Sim, chão de terra batida. Morava uma senhora que eu gostava muito de visitar. Os alumínios dela eram todos areados: brilhavam. Eu me divertia muito naquela casa.
Na colônia (casas da fazenda onde moravam os funcionários), moravam meus avós maternos. A casa da vó Suzana era uma festa à parte. Tudo era lindo, organizado. Os copos de alumínio tinham bolinhas feitas à mão, com palha de aço. Pareciam copos de poá. A casa era de vermelhão: aquele vermelhão que a vó passava todos os dias. Eu adorava ajudar. O banheiro era fora, de fossa. O forno também era fora. Não tinha os mesmos recursos da casa da sede. Tinha um forro feito de retalhos de tecido, onde eu viajava a cada cor, a cada estampa. Amava dormir lá, olhando o “céu” colorido e sonhando com o meu futuro.
Já a nossa casa da sede era linda, chiquíssima. Tinha piso estampado, um chapeleiro incrível, um banheiro grande com banheira branca. Tinha uma área que contornava a casa, com as portas da sala de visitas, da sala de jantar: como eu amava ouvir músicas naquela sala que tinha uma mesa de madeira chiquíssima que minha avó tinha deixado lá quando se mudou, e uma vitrola maravilhosa. E a porta do escritório do Dom Pedrito. Ah, aquele escritório era uma das minhas maiores diversões, principalmente o cofre gigante: eu amava girar a “roda”, colocar a senha, ouvir o barulho da porta abrindo, ver o que havia dentro… tudo isso era mágico.
Nos fundos da área, havia uma minicozinha com fogão a lenha e um torrador de café que eu adorava usar. E, ao lado, uma tulha gigante, o terreirão onde o café era seco.
É… esses 47 anos passaram muito rápido. Como foi bom escrever essas lembranças aqui para vocês.
Eu, menininha, convivia feliz com os dois lados da moeda: do piso de terra batida ao ladrilhos estampados da sede. Agora sou mulher, sou mãe de um grande homem.
Hoje, eu quero somente que você se lembre da sua criança, que corria sem julgamentos, sem fazer diferença de onde estava, vivendo cada espaço com alegria.
Sim, a criança feliz que não faz diferença entre ir ao banheiro gigante, chique, com banheira, chapeleiro, espelho, dois ambientes, ou no minúsculo, de tábua, no quintal, com um buraco no chão.
Hoje, quero que você faça uma pequena viagem, como eu fiz ao escrever nosso texto de hoje, e se lembre desse olhar de amor, de pureza que ainda existe em você.
E como o nosso foco é progredir: vamos juntos?
Eu convido você a entrar em uma nova era comigo, em um novo tempo: tempo do servir, de vir a ser a gente mesmo. Despertei-me, vou apenas servir!
No ciclo de curtir cada momento com você, na volta para sua “casa”, a sua essência, a sua inocência no olhar: o olhar de puro amor.
Na vida, só temos duas opções: ou olhar com os olhos do amor, ou com os olhos do medo.
Eu escolhi, com a chegada dos meus 47 anos, ver com os olhos do amor, escolhi pedir todos os dias para que Deus me permita ter esse olhar.
Que Ele me tire do olhar do medo que tanto me atormentou — e ainda atormenta…
Do olhar da disputa, da briga, da escassez: esse olhar que nos faz sair do nosso caminho e entrar no ciclo vicioso que julga.
Escolhi pedir a Ele que o olhar da menininha me abra o coração da mulher.
Vamos juntos, mais conscientes de quando nos cegamos pelo medo: aceitar o hoje como foi.
E, arrependidos, liberarmos o passado, as correntes que nos prendem — e, a cada segundo, continuarmos a caminhar vibrando cada dia mais amor?
Só somos felizes, só temos saúde e felicidade, quando estamos servindo.
Ou seja: sendo nós mesmos. Sendo Amor.
Logo: sirva, seja feliz, seja você!
Lembre-se: Deus é 100% amor e está dentro de cada um de nós.
Pode vir, Nova Era, a era do Amor. Eu estou pronta para receber você. E você, vem comigo?
Seguimos no amor: por um “eu” melhor, as pessoas à nossa volta melhores, um mundo melhor.
Vamos juntos? Porque juntos somos +