A 13ª Plenária Nacional da CUT teve como tema base a Liberdade e Autonomia Sindical que será conquistada através de uma nova estrutura sindical brasileira, com o fim do imposto sindical (substituída pela taxa negocial) e a organização da classe trabalhadora por local de trabalho.
A democratização do local de trabalho é essencial para a organização dos trabalhadores e para a resolução pacífica de conflitos entre empregados e empregadores. Este tipo de organização sindical poderá ser útil também para os empregadores que desejam cumprir a legislação trabalhista, como as condições de higiene, o assédio moral e o respeito à dignidade da pessoa humana. Todos sabemos que a harmonia no ambiente de trabalho é um dos fatores para evitar problemas de ordem psicológicos, doenças e acidentes de trabalho, e em decorrência será melhor também para os patrões que verão a produção e a qualidade dos produtos aumentarem. Assim, ganha o sistema de previdência, os trabalhadores, os empregadores, os consumidores e toda a sociedade.
Um dos ambientes de trabalho mais perversos é o relativo ao sistema financeiro, onde os banqueiros são protegidos pelo governo, por meio do Banco Central, sendo que os bancários têm apenas a proteção de seus sindicados. Mas somente a proteção dos sindicatos cidadãos não é suficiente para impedir os correspondentes bancários, a falta de segurança para os trabalhadores e os clientes, o assédio moral, as doenças profissionais, como LER, problemas psicológicos, entre outros.
Os lucros dos bancos são exorbitantes. Somente com as tarifas que cobram dos seus clientes poderiam dobrar a remuneração dos trabalhadores, contratar mais bancários, aumentar o horário de atendimento aos clientes, melhorar a segurança bancária. Porém, preferem a intransigência e a arrogância no lugar da negociação. A dignidade da pessoa humana passa ao largo dos bancos.
Por outro lado, apesar dos esforços sobre-humanos dos sindicalistas progressistas, tal situação permanecerá dentro da atual estrutura sindical, pois enquanto a direção dos sindicatos lutam, organizam, correm risco de confronto com a polícia e trabalham mais de 16 horas diárias (a jornada da categoria é de 6 e 8 horas), alguns chefes, mais realistas que os reis, representam os interesses dos banqueiros em detrimento de sua corporação e da própria dignidade e, além disso, observe-se que muitos outros, que nem chefe são, fingem ou não entendem que o problema são deles e não do sindicato. Assim, existe uma espécie de terceirização da greve, da organização, da luta, das reivindicações. Ou seja, os bancários pagam as mensalidades (nem todos), todos pagam o imposto sindical e a direção tenta fazer o movimento, numa confusão entre líder e substituto. Os bancários precisam ter a consciência de que não é possível lideres sem liderados e que os líderes não substituem os trabalhadores no
s movimentos reivindicatórios, apenas são cabeças estrategistas, os linhas de frente, aqueles que mostram o caminho onde todos devem percorrer com segurança.
Penso que esta realidade somente será modificada quando os bancários se organizarem por local de trabalho, quando a direção dos sindicatos tiverem um conselho de representantes constituído por um representante, no mínimo, de cada agência, conforme o número de trabalhadores. Esta conquista é tão essencial quanto à remuneração, pois é condição base para o exercício dos direitos vigentes e para a garantia de outros.
*Vanderlei Siraque - 1º suplente de deputado federal e assessor especial da CUT-SP.