Dizem que a fila é um dos lugares mais democráticos do mundo, onde não se cobra nada para ficar nela, e sempre tem gente chegando de todas as camadas da sociedade, é livre fica quem quer. Tem gente que gosta é uma oportunidade de reencontro com velhos companheiros, e para se fazer novas amizades, outros odeiam e obrigam idosos a ficarem nas filas para provarem que estão vivos, ou até mesmo a pegar filas, para retirar senhas, para entrarem em outra fila para serem atendidos, a bancos que você precisa retirar várias senhas para receber um atendimento demorado e burocrático, e mais complicado quando chega a sua vez, você senta sempre naquela cadeira em frente do atendente, neste exato momento ele atende ao telefone para passar informação para alguém lá do outro lado da linha, aí e coisa do outro mundo, pode esquecer você se ferrou.
Há atrás de todo esse esquema, um espertinho que ganha muito dinheiro para bolar todo esse sistema criando dificuldades para vender facilidades. Então imagina você estar naquela fila longa e tortuosa, que parece não andar, e fica impaciente porque tem pressa. Infelizmente o mundo globalizado cria novas necessidades, e nós as vamos incorporando para aumentar nosso conforto, e com isso corremos mais e mais para cumprir todos os compromissos. Com isso estamos correndo um risco muito grande. Devido ao excesso de velocidade, começamos a atropelar a sensibilidade e tornamo-nos impacientes com as pessoas que merecem o nosso respeito. Percebi numa fila bancaria pessoas mais jovens murmurando contra pessoas idosas que exerciam o seu direito de furar a fila para serem atendidos naquela conhecida fila da terceira idade, onde são atendidos imediatamente. O colega ao lado falou no meu ouvido, que aquele jovem seria ele mais alguns anos, ou seja, se tiverem sorte, um dia serão idosos e terão necessidade de um atendimento especial, afinal às pessoas idosas são mais frágeis têm mais problemas de saúde, não possuem a resistência dos mais jovens para permanecer em pé, ou até mesmo muito tempo sentados aguardando para serem atendidos, numa fila demorada a andar e outras coisas mais. É necessário não perder esta questão de vista. È reconhecer que o progresso do presente foi construído e conquistado pelos idosos de hoje, que jovens ontem, entregaram-se ao trabalho gastando sua vida na conquista desse ideal.
Se estamos falando tanto em preservação do meio ambiente, convém não esquecer que a parte mais importante desta preservação é criar condições de vida e conforto para todos, de forma mais especial para aqueles que possuem menos condições de se defender e necessitam da proteção dos mais fortes. Entre os índios, o conselho dos anciãos da tribo era ouvido e respeitado por todos, pois se tinha em grande conta a voz da experiência de quem tinha vívido mais anos. Tenho a convicção que nós brasileiros progredimos muito neste aspecto, pois criamos leis e normas para garantir o direito a um tratamento diferenciado aos que mais necessitam de proteção, caso de crianças e idosos, avançando também em outras área da sociedade. É um sinal de maturidade o Brasil esta fazendo isso. Não esqueça. Duplicamos nossas rodovias, mas não ampliamos o nosso ponto de vista. Temos casas maiores e famílias menores; mais ocupações e menos tempo para dedicar aos afetos. Conquistamos o espaço exterior, mas desconhecemos a nossa intimidade. Fazemos coisas em quantidades, e poucas vezes nos importamos com a qualidade. Dirigimos rápido demais, mas nos irritamos com facilidade. Multiplicamos as posses, mas diminuímos nossos valores.
Falamos demais, amamos menos e odiamos com muita freqüência. Aprendemos como ganhar a vida, mas não sabemos aproveitá-la bem. Salvamos o mico-leão e jogamos nossas crianças na caçamba de lixo. Possuímos computadores que nos permitem viajar pela aldeia global em poucos minutos, mas diminuímos a comunicação com as pessoas que nos cercam. Enfim, estes são tempos de alta tecnologia, que nos permitem levar estas palavras até você e que lhes dá total liberdade de escolha entre refletir sobre elas. ou simplesmente ignorar. O idoso é aquela pessoa a quem Constituição confere direitos básicos e garantias, pois devem ser diferenciados, não podendo ser expropriados, entretanto para isso, os idosos devem ter sua cidadania garantida fazendo valer seus direitos.
*Horácio Delalibera- horaciodelalibera@bol.com.br