Depois de tantas décadas na Educação me pergunto o que está acontecendo? Busco nos livros conhecimentos e na reflexão estratégias que subsidiem uma análise mais apurada desses tempos de violência e rebeldia. Algumas questões centrais me instigam a fazer comparações simples que poderiam oferecer caminhos menos áridos em direção ao futuro. Vejo a natureza respondendo de maneira agressiva, na mesma intensidade do carinho e cuidados que lhe foram negados. São catástrofes de toda ordem. A natureza parece chorar e a cada demonstração de sua força pede socorro a uma humanidade que parece já ter feito sua escolha. A violência campeia nos lares, nas escolas, nas ruas e nos corações.
Ficamos atordoados e diante de tantas notícias ruins, nos travestimos também de violência, torcendo para que o pior aconteça ao malfeitor, sem entender que como a natureza, a sociedade também está dando respostas e clamando por socorro. Está oferecendo indícios para mudanças que não podem mais esperar.
A educação pode e precisa fazer muito coadjuvada pela sociedade que precisa entendê-la, defendê-la e não negligenciá-la. Negligenciar a educação é decretar a falência social e com ela a proliferação de doenças, da discórdia e da violência.
A sociedade mudou, à família já não é mais a mesma, os sonhos são outros e a educação continua a insistir em metodologias superadas.
A educação necessita urgentemente de educadores ousados, escolhidos a dedo, que como em qualquer profissão, tenham além de conhecimentos cognitivos, muito amor para dar. O legado de muitas famílias às escolas exige mudanças que vem aumentando ao longo do tempo e de forma significativa, o trabalho escolar. Não estamos mais em tempo de autoritarismos exacerbados como forma de lidar com as questões educacionais. Estamos no momento de fazer voltar ao seio das famílias, das escolas e da sociedade, a autoridade, o respeito e a empatia que com o passar dos anos foram perdendo sua força. Como querem os estudiosos, para aprender, tanto estudantes como educadores precisam estar preparados fisiológica e psicologicamente, sabendo utilizar as experiências já vividas como suporte em seu fazer. O mundo contemporâneo está carente de educadores com essa preparação que sejam capazes de lidar com a rebeldia e com a violência, sem instigá-las, mas acalmá-las. Dessa forma, a realidade indica para profissionais que tenham qualificação coerente com o momento histórico que vivemos além de liderança, autoridade e autonomia, que sejam inteligentes no sentido piagetiano, e que acima de tudo acreditem em mudanças e enfrentem desafios. Vivemos hoje uma crise de autoridade, com preponderância de muitas lideranças negativas e qualificação duvidosa na formação de profissionais não só na educação, mas em geral. Está na hora de ouvirmos os indicadores, e rever processos, se quisermos apostar numa sociedade melhor daqui a algum tempo, pois os resultados da educação praticada hoje só terão visibilidade comportamental ao longo de anos. Deduz-se, então que sempre é tempo de plantio.
Encarnação Manzano - Doutora em Educação, Docente do Centro Universitário de Votuporanga, Diretora Administrativa da Credlíder, Vereadora do Município de Votuporanga e Avaliadora do MEC.