Faz muitos anos que ouvi pela primeira vez essa expressão, e foi em um livro de Morris West. O centro da história se passa em Roma e o personagem principal é o Papa. O qual recebe o anúncio da Parusia, que seria a nova vinda do Cristo à Terra. Ele consegue apenas avisar da boa-nova aos seus pares, que não o acreditam, e cai vitimado por um AVC. O Papa sobrevive, porém, enfraquecido como uma criança recém-nascida, sensível e com graves problemas na fala. Com ajuda de alguns crentes, e de um terapeuta dedicado, ele renuncia ao título papal e sai pelo mundo, na tentativa de avisar quantos possa.
Mais ou menos nessa parte do livro, que é fascinante, para crentes ou não, surge o tal demônio do meio-dia. É um assassino profissional. É um homem que odeia, a tudo e a todos. Destrói pelo prazer da destruição, odeia pelo amor ao ódio e semeia morte, espanto e pavor por onde passa, com seus atos terroristas. Ele mata, aterroriza e quer a destruição sistemática de tudo que possua vida, com o aval de um governo e de potências aliadas. É o mal com autorização oficial. Pois é um agente da Cia. Tudo ficção, claro.
Recentemente, em uma publicação cristã em um jornal, li novamente a expressão do título, e a história do livro me voltou à mente. E também o significado do demônio do meio-dia, que é bíblico, segundo ouvi, mas desconheço a citação específica ou suas páginas. O pouco que sei a esse respeito é que o demônio do meio-dia se passa por homem comum, anda no meio de nós, aparentando ser uma pessoa inofensiva. Mas não é. Ele semeia a destruição. Ele quer a nossa destruição. Ele anda na Terra como alma penada, causando dor, sentindo dor e disseminando a dor humana.
Ando pensando que o demônio do meio-dia, nos tempos que vivemos, se utiliza das drogas para melhor operar. Ou que as drogas são o próprio demônio do meio-dia. Às coisas atrozes que sucedem pelo mundo, e que graças à globalização, ou por culpa dela, viram notícia imediatamente, e nos chegam de todas as partes sinais de que as coisas vão de mal a pior; que homens maus têm dominado e vencido várias batalhas, em várias frentes de lutas insanas travadas, disputando a terra, o petróleo, o poder, e o dinheiro.
Homens (e mulheres) que matam crianças. Homens que matam mulheres. Homens e mulheres que matam. Homens e mulheres que destroem, corrompem e vilipendiam a fauna e a flora, poluem nascentes de água potável, contaminam a terra com ácidos e outras substâncias corrosivas, e através de suas fábricas, suas queimadas, sua ganância e orgulho contaminam o ar tão necessário para a vida do Planeta, e tudo o que tocam vira lixo tóxico. São homens maus. São demônios do meio-dia.
Pessoas que dilapidam o patrimônio público. Pessoas que destroem os bens públicos, os que saqueiam, roubam e furtam coisas, ou que picham monumentos, e os que sujam e seguem quebrando o que encontram pelo caminho. Sentem prazer de destruir e visam chocar e desgostar a seus semelhantes. São homens maus. São demônios do meio-dia.
Eu não creio em demônios, mas que os há, os há! Ô se há! Há mais um detalhe. Eu não contei toda a história do livro, só dei uma pincelada geral e superficial. O melhor, para quem quiser e puder ler o livro, cujo título é “Os Fantoches de Deus”, eu não contei. Têm muita surpresa e muita emoção nesse livro. Para crentes e não crentes. Para quem tem fé e para quem a perdeu, também. Eu recomendo essa boa leitura! A história é belíssima! Aproveito o ensejo para parabenizar o Senhor Prefeito e a Senhora Secretaria da Educação, Cultura e Turismo pela iniciativa do Festival Literário. Bravo, Votuporanga!
Norma Moura é advogada, empresária e estudante. Votuporanga-SP kairosbrinquedos@hotmail.com