O jejum é uma forma de abster-se de alimentos por um determinado espaço de tempo. Qualquer pessoa pode, sem que isso lhe cause danos, deixar de ingerir alimentos mortificando o corpo para fortalecer o espírito contra as tentações da inconveniência. Jejuar não pressupõe ausentar-se de total alimentação, mas sim evitar os exageros que se faz entre uma e outra refeição. A própria Igreja recomenda três refeições leves e nada entre os intervalos. Jejuar é extremamente simples, podendo ser feito por qualquer pessoa. O conceito de jejum não recomenda que você passe fome, mas que apenas refreie a sua gula e discipline o hábito de comer. Qualquer pessoa pode fazer esse tipo de jejum, sejam idosos, sejam gestantes, mães que amamentam, jovens ou adultos. Meu caro leitor, não é desse jejum que eu quero falar. Refiro-me a outro tipo de jejum que Deus gostaria que fizéssemos todos os dias, não só no período quaresmal. Vamos fazer o seguinte: eu e você, neste período em que outras pessoas deixam de alimentar-se, vamos nos abster de julgar os outros porque o Senhor também vive dentro deles. Vamos abster-nos das palavras que ferem e nos abastecermos de frases que nos tornam mais puros; deixemos de provocar descontentamentos porque a gratidão reside mais viva dentro de nós; vamos jejuar de praticar ofensas e injúrias porque ferem princípios da mansidão e da paciência; jejuemos do pessimismo colocando no seu lugar a esperança sadia do otimismo; nesse período de sacrifício a que chamamos de abstinência vamos jejuar de preocupações porque somos abençoados desde que nascemos; jejuemos de lamúrias e queixas contentando-nos com as coisas simples e significativas de nossas vidas; vamos criar uma distância a todo tipo de pressão e vamos nos alimentar de orações fazendo com que nossas almas fiquem abastecidas de fé; jejuemos de tristezas e amarguras enchendo nossos corações de alegria e contentamento; não sejamos egoístas por nenhum momento porque isso nos fere e não nos faz enxergar as necessidades do semelhante; evitemos rancores para com os outros e que a próxima refeição seja tão somente reconciliação; vamos nos alimentar do silêncio, ingrediente muito melhor que palavras mal colocadas; jejuemos de pensamentos de fraquezas porque abastecer-se de promessas inspiradoras nos encanta e nos faz melhor como seres humanos. Vamos fazer jejum sempre que pudermos, mas não só de alimentos, façamos jejum de atitudes e comportamentos inadequados que muitas vezes praticamos com as pessoas que nos amam no sentido maior da palavra.
Professor MSc. Manuel Ruiz Filho
manuel-ruiz@uol.com.br