É polêmico o assunto, mas intrigante. Muitos concordam e acham que têm razões suficientes, outros não admitem em hipótese alguma, outros ainda omitem suas preferências porque não têm filhos. Ficar de um lado ou do outro pode ser mera comodidade. Dormir fora de casa tem cara de desafio não só para crianças e adolescentes como para seus pais ou responsáveis. Isso gera enorme preocupação para quem tem a responsabilidade de monitorar por onde andam as crianças. Vale lembrar que dormir fora de casa dá à criança a oportunidade de perceber como deverá se portar quando isso for uma necessidade, uma obrigação e não uma simples opção. Essa medida não deixa de ser um recurso para sedimentar na criança ou adolescente uma ideia de independência, aquisição de autonomia para enfrentar os possíveis problemas que essa faixa etária acaba vivendo hoje, seja por uma necessidade prematura e justificável, seja pela própria separação dos pais que hoje, infelizmente, tem sido rotina. Em situações normais a idade certa para viver essa experiência talvez seja de 5 a 10 anos, entretanto depende muito de cada família, dos costumes de casa e principalmente da criança que possui hábitos noturnos adquiridos desde a fase inicial de vida. É complicado entrar nesse mundo, mas é necessário. As escolas têm elaborado eventos dessa natureza promovendo ‘noites de briga de travesseiros’ e têm tido resultados satisfatórios porque com os amiguinhos de classe é que a criança sente a primeira vontade de realizar tal façanha. A criança sente que isso será uma diversão e uma aventura saudável. Ficar longe dos pais por uma noite especial é gratificante para todas as crianças que terão a oportunidade de sentir e aprender o convívio à distância, já que isso um dia possa ser uma obrigação e não uma simples opção. Não se pode de forma alguma deixar que a criança se sinta insegura quando desfruta dessa aventura, a mesma proteção que a criança tem em sua casa precisa sentir na casa estranha. Os pais precisam ter acesso aos filhos a qualquer hora da noite se isso for necessário e eles precisam saber disso. É claro que para todo esse processo deve existir um condicionamento, respeitando a idade que a criança possa ter nesse momento. É evidente também que os pais precisam estar preparados para lidar com essa situação de forma natural e tranquila. Agora, quando o adolescente toma a iniciativa de dormir fora de casa por conta própria é necessário uma avaliação minuciosa dos pais. Os adolescentes não podem ser interpretados com a mesma inocência das crianças. Eles costumam ter motivos para dormirem fora de casa e aí é que mora o perigo. Os pais precisam averiguar quais são esses motivos para concordarem ou não com essa vontade. Dormir fora de casa em idade acima dos 12 anos mais parece um ato de ‘idade independente’ do que propriamente uma aventura necessária. É comum dizer que determinadas situações estão mais propensas a isso do que outras. Quando os pais são separados e possuem novos parceiros e parceiras a situação é um tanto complicada. Muitas são as vezes que esses pais aceitam as situações em troca de concordância de seus atos. É verdadeira a barganha entre pais e filhos nessas oportunidades e isso tem sido a semente de caminhos indesejáveis. Pais podem viver separados de mães, mas nunca dos filhos. Você acha correto ou pouco se importa do filho dormir na casa da namorada, mas não pensa da mesma forma quando se trata da filha dormir fora de casa. Sejamos responsáveis com nossos filhos, se os colocamos no mundo temos a obrigação de sermos pais eternamente responsáveis. Sejamos conscientes de nossas obrigações. “A juventude envelhece, a imaturidade supera-se, a ignorância pode ser educada, a embriaguez passa, mas a estupidez é eterna”.
Professor MSc. Manuel Ruiz Filho - Votuporanga - manuel-ruiz@uol.com.br
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