No exercício cívico do voto o eleitor decide hoje os rumos deste País. A responsabilidade é grande e as informações disponíveis sobre os candidatos, infelizmente, são poucas. A campanha eleitoral tem muito de “faz de conta”. Desde que os marqueteiros invadiram o horário eleitoral da televisão e do rádio, substituindo, com seus artifícios, o que os políticos têm a dizer, ficou muito difícil separar a fantasia da realidade.
Ouvindo o rádio ou diante da televisão, no Horário Eleitoral, o eleitor é quase que sistematicamente levado por uma proposta ilusória dos candidatos. Acontece que na mídia eletrônica o processo funciona da seguinte maneira: antes de alguma mensagem ir ao ar, o marqueteiro submete o seu conteúdo ao paladar de um grupo reduzido de pessoas selecionadas segundo critério de idade, nível socioeconômico, escolariedade, entre outros valores. São as chamadas pesquisas qualitativas. Se o conteúdo daquela peça publicitária travestida de mensagem política passar no teste do grupo pequeno, que, teoricamente, teria o mesmo gosto de milhões de pessoas na mesma situação, o marqueteiro coloca-a no ar. Se houver rejeição, o caminho é a lata do lixo. Trocando em miúdos: o candidato fala só o que o eleitor quer ouvir. Daí porque só se vê, no rádio e na televisão, aquele monótono na base do “vou lutar pela saúde, educação, segurança e habitação”.
Assim, os postulantes à Presidência da República, Governos Estaduais, Senado, Câmara Federal e Assembleia Legislativa, acabam descolando-se do mundo real e transformando-se em simples pedidores de votos, não aos eleitores, mas, via de regra, em reuniões fechadas com lideranças políticas e cabos eleitorais pagos, sem o calor do contato com o povão, que sua a camisa e paga impostos
Este é o retrato da campanha política dos tempos modernos. Infelizmente tem sido assim as campanhas realizadas nos últimos tempos no Brasil. Até os comícios que, antigamente, arrastavam multidões e obrigavam os candidatos a fazer de improviso as suas propostas de trabalho e, onde, alguns deles, às vezes tropeçavam e prometiam o que não deviam, comprometendo sua eleição, foram substituídos. Primeiro pelos showsmícios, onde a atração eram cantores de alto chachê artístico, e não os candidatos. Essa prática também acabou.
De tudo, vale registrar como positivo a caminhada pelas ruas da cidade de alguns postulantes as casas legislativas. Os candidatos de Votuporanga e alguns outros da região, ou até mesmo candidato de fora, mas que mantenham algum vínculo com a cidade, percorreram nos últimos dias o centro comercial. Esses, distantes dos marqueteiros e profissionais da política, tiveram a oportunidade de dialogar com o eleitor e sentir as suas aspirações e o seu desejo de ver a comunidade prosperar.
A responsabilidade do voto numa eleição geral como a de hoje exige de cada um de nós um exercício de cidadania. Não basta apenas votar “pelo que ouvi dizer dele” ou pela sua “performance na TV’. É preciso se convencer dos reais comprometimentos do seu candidato. Vê se a história dele o recomenda. É preciso votar com consciência. E depois você, prezado eleitor, terá quatro anos para se orgulhar (ou se arrepender) do seu voto de hoje. Pense nisso.
João Carlos Ferreira é jornalista, diretor do jornal A Cidade e Rádio Cidade