Vizinhos cobram por seus direitos e não aguentam mais acúmulo de lixo; eles reclamam de surgimento de animais peçonhentos
Jociano Garofolo
No dia 9 de outubro, completa exatamente um ano que a Justiça de Votu-poranga, a pedido do Ministério Público, lacrou o Lar de Repouso Creche Hotel “Amigo do idoso”, localizado na rua Minas Gerais. Desde então, ninguém, a não ser oficiais com autorização judicial, pode entrar no imóvel, que a cada dia, fica em situação mais crítica devido ao acúmulo de sujeira e coloca em risco a saúde pública dos moradores daquela região. Vândalos e usuários de drogas também ocupam o espaço à noite.
No início de semana, a equipe de reportagem do A Cidade voltou ao local, e encontrou uma situação alarmante, ideal para o surgimento de doenças sérias como dengue, leishmaniose e proliferação de animais peçonhentos, como escorpiões. Moradores da região também reclamam da grande quantidade de ratos que surgiu recentemente.
O asilo foi lacrado no ano passado após denúncias de maus-tratos. Todos os 12 idosos que permaneciam no lar foram retirados pelos familiares. A ordem judicial foi cumprida pelos oficiais de Justiça que pregaram adesivos nos portões, indicando que o local estava interditado e proibido de funcionar.
O fechamento do asilo particular aconteceu após a Justiça ser favorável ao pedido do Ministério Público, por meio do promotor Marcus Vinícius Seabra. O lar, e não a propriedade do imóvel, pertencia a uma senhora acusada pelo Conselho Municipal do Idoso (CMI) de instalar quatro idosos, com idades entre 70 e 85 anos, em uma casa de forma irregular, na rua Rio Grande, no mesmo bairro. Como havia restrição contra ela, proibindo que abrigasse mais idosos, além de outras denúncias, todo o atendimento foi interditado e o lar, lacrado.
Relatórios da Vigilância Sanitária e do próprio CMI apontaram que o local não era apropriado para a vivência desses idosos, colocando em risco a vida deles. O Estatuto do Idoso diz que a proprietária pode ser condenada desde a pagar multa até ficar de dois meses a um ano presa, porém, enquanto o processo segue em trâmite, o imóvel onde funcionava o asilo não pode ser recuperado pelo verdadeiro proprietário e o acúmulo de lixo piora a cada dia.
No dia 24 de junho, vizinhos entraram em contato com a redação e informaram a situação, reclamando principalmente sobre a entrada de vândalos e usuários de droga no local. Na época, por meio da assessoria de comunicação, a Secretaria de Saúde informou que 40 dias antes, uma equipe do Secez (Setor de Combate de Endemias e Zoonoses) esteve no prédio acompanhada de oficial de justiça e, naquela ocasião, não foram encontrados focos de animais peçonhentos. Porém, solicitou oficialmente uma nova visita ao local junto ao Ministério Público e aguarda posicionamento. Bombeiros também estiveram no local para a retirada de dois botijões de gás, que estavam abandonados e causavam risco de incêndio e explosão.