Durante três horas, mulher em surto psicótico manteve filho de dois anos trancado em banheiro, com tesoura e material inflamável
Jociano Garofolo
Uma ocorrência de desentendimento familiar, na noite da última segunda-feira, por muito pouco, não teve consequências mais trágicas em Votuporanga. Uma mulher, desequilibrada emocionalmente, se trancou no banheiro de uma casa na rua Tietê, no Vale do Sol, com o filho de dois anos, portando uma tesoura, fósforo e um frasco com álcool, após se desentender com o marido. Durante quase três horas de negociação, os policiais tentaram acalmá-la, até o momento exato de entrar no banheiro e resgatar a criança.
Segundo informações obtidas no local, a Polícia Militar foi acionada por volta das 20h, pelo marido da mulher, que temia que ela cometesse algum ato irracional, após se trancar no banheiro com o menino. Temendo um triste desfecho, os policiais militares acionaram a presença do Corpo de Bombeiros e também a unidade de suporte avançado do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que enviaram viaturas ao local.
O trânsito na rua Tietê, pouco antes da avenida Vale do Sol, foi interditado por cautela. Policiais da Rocam (Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas) foram alguns dos primeiros a chegar no local. Dois deles, Maciel e Biliassi, foram até o lado de fora da casa e, pela janela do banheiro, iniciaram conversa com a vítima.
Do outro lado, dentro da casa, em frente à porta, outra parte da equipe de policiais, comandada pelo primeiro tenente Alexandre Marques, também buscava o diálogo. A insistência da mulher em permanecer no interior do banheiro com a criança fez com que o impasse se estendesse por horas.
O comandante da Polícia Militar de Votuporanga, capitão Édson Fávero, e o do Corpo de Bombeiros, Alex Brito, foram ao local e participaram ativamente das negociações.
Desfecho
Em determinado momento, a mulher sentiu sede. O policial Biliassi, então, viu ali uma oportunidade de por fim a situação de angústia. Pela a janela, ele fez que iria entregar uma caneca e conseguiu segurar os braços dela. Com mais diálogo, o policial começou a falar sobre sua experiência de vida, situações pessoais e conseguiu a acalmá-la. Enquanto isso, a outra equipe efetuou a entrada no banheiro e retirou o menino, que estava um pouco assustado, mas sem ferimento algum.
Já a mulher ficou mais agitada, e foi necessária a intervenção médica para controlá-la. Ela deixou o imóvel em uma maca do Samu e foi levada até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para receber tratamento. O desfecho foi comemorado por vizinhos que acompanharam a situação dramática.
Ação da PM
O primeiro tenente da Polícia Militar, Alexandre Marques, disse ao A Cidade que foram deslocados ao local para atender uma ocorrência de briga de casal, mas culminou em algo possivelmente mais complicado. “Mas, graças à Deus, com todos os meios disponíveis, nós utilizamos o diálogo com a mulher, que é vítima também. Depois de conversarmos muito, ela foi nos atendendo”.
O tenente Alexandre disse também que a ação policial foi baseada em treinamento e técnica. “Em gerenciamento de crise, a palavra chave é a paciência e, dentro disso, esgotar os meios necessários para que a pessoa entenda que estamos aqui preocupados com segurança e perceba que nossa intenção é que a integridade física e mental seja estabelecida. O pensamento da Polícia Militar é sempre proteger qualquer cidadão e a população de Votuporanga pode contar com a PM para atender qualquer tipo de situação”, afirmou.