Academia de Votuporanga usa técnicas marciais para ensinar homens e mulheres a saberem agir e se sobressair em situações de risco
Jociano Garofolo
As notícias de roubos e furtos já viraram uma triste rotina na vida do votuporanguense. Conforme a cidade cresce e se desenvolve, vira um atrativo para criminosos. Recentemente, os alvos prediletos são os pedestres. Apenas nos quatro primeiros meses foram 39 assaltos. Saber agir em uma situação de risco, preservando a integridade física tem feito aumentar a procura pelo “Ninjutsu”, uma arte marcial que não é focada em competições, mas em defesa pessoal.
Homens e mulheres de todas as idades, pesos e alturas têm se atraído pela modalidade. No último domingo (15), Votuporanga foi sede de um seminário nacional de “Ninjutsu”, com a presença do mestre (shidoshi) Américo Leite, do Guarujá, que no ano passado foi ao Japão, onde participou de treinamentos e trouxe os conhecimentos adquiridos. Ele foi recebido pelo professor (sensei) Evandro Dutra, que divide o tempo entre as aulas com a carreira de policial militar da Força Tática.
Em entrevista ao jornal A Cidade, Dutra conta que forças especiais do mundo, como as dos Estados Unidos e da Alemanha, praticam “Ninjutsu”. Não importa a estatura física ou se é mulher ou homem. Em casos de furtos e roubos que acontecem em Votuporanga, o professor acredita que a pessoa instruída em autodefesa terá uma visão diferenciada caso seja vítima. “Nos treinamentos buscamos situações que pareçam as mais reais possíveis, que possam acontecer no dia a dia. Tudo na mão de uma pessoa treinada pode ser uma arma. Uma caneta, moedas no bolso, um celular, podem ser usados para se defender”.
A defesa pessoal do “Ninjutsu” age muito com técnicas de torção. Trabalha parte de articulações, regiões musculares, com um estudo exato para saber os pontos sensíveis do corpo. É uma arte marcial japonesa não competitiva. “Nós treinamos visando a defesa pessoal, para ser utilizada no dia a dia da pessoa”.
Na academia ou “dojo”, qualquer pessoa pode buscar as técnicas para saber se defender. Porém o objetivo não é machucar. “A filosofia da arte vai modificar o modo da pessoa ser, a reação e a forma que tem de observar as coisas, possuir uma visão diferenciada no dia a dia, com tolerância maior, com atos positivos”.
A autodefesa, segundo Dutra, aumenta a capacidade de avaliação em situações de perigo, porém não torna ninguém um “super-homem”, mas deixa preparado para reagir e se proteger, em tempos em que a violência está cada vez mais presente. “É lógico que nunca vamos incentivar a pessoa a reagir contra um indivíduo armado com revólver ou faca, em uma situação de roubo, mas há casos em que as artes marciais dão um autocontrole para pessoa reagir bem a determinadas situações. E se a vida dela estiver em risco, ela vai aprender técnicas para sobressair. A gente sempre pratica ligando à intenção do agressor. É só roubar? Você entrega o que ele quer. É tirar sua vida? Então você luta por ela”, explica o professor Evandro Dutra para o jornal A Cidade.