Para acusação, pena foi acima da esperada, levando em conta que réu não foi considerado 100% responsável pelos seus atos
Jociano Garofolo
Wilson Aparecido Rodrigues, o algoz de um dos crimes mais deploráveis e de maior comoção popular da história de Votuporanga, recebeu sua sentença ontem da Justiça da Comarca de Cardoso. O assassino confesso da votuporanguense Érica Diogo de Oliveira Guilherme, de 33 anos, que foi raptada do estacionamento de um supermercado, roubada, assassinada e que teve o corpo ocultado por dois dias, foi condenado 17 anos, cinco meses e dez dias de reclusão em regime fechado.
Defesa e acusação ainda não tiveram acesso ao total conteúdo da sentença proferida pela juíza responsável pelo caso, Helen Komatsu, mas é sabido que a tese do advogado nomeado para defender Wilson, Juliano Severiano Borges, de que o réu sofre de problemas psiquiátricos e que não estava 100% responsável pelos seus atos, foi acatada. Diante dessa circunstância, apesar dele ter considerado o que no Direito é chamado de "réu inimputável", a sentença ficou de bom tamanho para o Ministério Publico.
O jornal A Cidade entrou em contato com a promotora responsável pela acusação, Tânia Portolla, que afirmou que "a sentença foi satisfatória diante da inimputabilidade do réu. A juíza aplicou uma pena acima do mínimo legal”. A pena para latrocínio em casos em que o réu não é inimputável pode variar de 20 até 30 anos, o que não foi observado no julgamento de Wilson.
O advogado Juliano Borges disse que vai se pronunciar com mais detalhes sobre o caso assim que tiver contato com o real teor da sentença, que detalhará quais foram os fatores levados em conta pela juíza em sua decisão. Mas segundo ele, tudo indica que Wilson também foi condenado pelo artigo 171 do Código Penal, ou seja, estelionato (obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento). "Ao receber a pena do crime maior (latrocínio), ele deveria ser absolvido do menor (estelionato)", disse o advogado.
Wilson deve ser encaminhado a uma unidade de detenção especializada em presos com problemas mentais. Antes do julgamento, ele já estava detido na Casa de Custódia e Tratamento Psiquiátrico “Arnaldo Amado Ferreira”, em Taubaté. O advogado de Wilson disse ainda que, após tomar ciência do conteúdo da sentença e conversar com a família do réu, vai decidir se recorrerá, ou não da pena contra o assassino de Érica.