Cerca de mil policiais deixariam os Copoms (Comandos de Operação da Polícia Militar) e Companhias para patrulhar as ruas
O governador Geraldo Alckmin anunciou que o atendimento de emergência da PM (Polícia Militar), o 190, será feito por uma empresa terceirizada. A afirmação foi feita no início da semana, durante uma visita a Franca, onde o governador participou de uma solenidade de entregas de ambulâncias e ônibus para aquela região. Inicialmente, a terceirização será adotada na capital, em Osasco, na Grande São Paulo, e em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, e não deve afetar Votuporanga.
“Pretendemos deixar só o despacho com a Polícia Militar. Vamos começar com São Paulo, contratando uma empresa para fazer o primeiro atendimento e só o despacho com a Polícia Militar”, disse Alckmin. Essa não é a primeira vez que o governador promete mudanças no serviço. Em setembro do ano passado, Alckmin tinha anunciado a medida, com previsão de início em três meses.
Ele chegou ainda a justificar que o policial não deixaria de trabalhar no atendimento e sim seria “o supervisor de todo o trabalho” ao fazer o despacho da ocorrência. Na época, o secretário da Segurança Pública do Estado, Fernando Grella Vieira, disse que o objetivo da decisão era eliminar o emprego de policial em atividade meio e empregá-los somente em atividade fim. Segundo ele, 80% das 150 mil chamadas do 190 são pedidos de informação, comunicações diversas e trotes.
De acordo com Alckmin, com os atendimentos terceirizados, o efetivo da PM ganha cerca de mil policiais, que deixarão os 15 Copoms (Comandos de Operação da Polícia Militar) e passarão a fazer patrulhamento nas ruas. No ano passado, quando a medida foi anunciada, especialistas em segurança pública criticaram a estratégia. Para eles, os policiais que cumprem funções administrativas não têm perfil para o patrulhamento.
O atendimento de emergência da PM funciona 24 horas e atualmente é feito a partir de uma triagem realizada pelos policiais que atendem à ocorrência. Em Votuporanga, ao menos dois policiais se revezam em turnos no CAD (central de atendimento e despacho de ocorrências). São eles que atendem a população diariamente no telefone de emergências e passam aos policiais nas ruas, os locais para deslocamento. Os "cadistas", já salvaram inclusive vidas, principalmente de crianças, passando pelo telefone informações em casos de engasgamentos, para os primeiros-socorros.
Estudo realizado no ano passado pela PM identificou que são necessários 1,2 mil homens para atender às cerca de 150 mil ligações recebidas por dia. O 190 terceirizado não é novidade no Brasil. Foi implantado em 2000 em Fortaleza, e depois em Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Sergipe e no Distrito Federal.