Ex-funcionário do A Cidade foi localizado sem vida em Valentim, no recinto de exposições; carro foi achado do outro lado do município
Jociano Garofolo
O jornalista Hélton Souza, 28 anos, que trabalhou no jornal A Cidade entre os anos de 2005 e 2008, foi encontrado morto na manhã de ontem (27), em Valentim Gentil. O corpo do rapaz estava em uma obra na entrada do recinto de exposições da cidade. A hipótese dele ter sido vítima de latrocínio não está descartada. O crime causou grande comoção na região, pelo fato dele ser uma pessoa muito conhecida, com passagens por veículos de comunicação de várias cidades.
O corpo de Hélton foi localizado em uma espécie de guarita, na entrada principal do recinto. Pintores chegaram até o local nas primeiras horas da manhã e encontraram o rapaz caído ao solo, já sem vida. A vítima, segundo testemunhas, estava com a calça abaixada. A camisa dele estava amarrada ao pescoço. Havia marcas de sangue pelo chão.
No momento em que foi encontrado, Hélton não portava documento algum. Por possuir uma tatuagem semelhante ao símbolo do curso de Direito no quadril, no início, pensou-se que se tratava de um advogado. As polícias Civil, Militar e Científica foram acionadas. Enquanto a perícia era realizada no local, foi recebida a informação de que um automóvel GM Onix, de cor branca, com placas de Pedranópolis, estava abandonado em uma estrada rural, ao lado da vicinal que liga à prainha e ao município de Magda.
Uma equipe da Polícia Civil se deslocou ao local, e após pesquisa por meio das placas, constatou que o veículo pertencia a Hélton Souza. Em contato com familiares, foi constatado que o jornalista estava desaparecido desde o dia anterior e que a Polícia de Fernandópolis já estava investigando o caso.
Segundo amigos e familiares, Hélton teria saído de casa para ir até a academia. Depois, teria enviado uma mensagem à mãe, dizendo que iria até Votuporanga, se encontrar com um amigo, chamado Bruno. Outra informação, não confirmada oficialmente, dá conta de que posteriormente, uma mensagem foi enviada do celular de Hélton, dizendo que ele iria para o Paraguai.
A Polícia Civil entrou em contato com o amigo do jornalista, citado na mensagem, que afirmou que não havia encontrado a vítima. Existe a suspeita de que Hélton conhecia seu provável assassino. Com relação ao carro abandonado, também há a hipótese de que o autor teria cometido o crime e abandonado o veículo, ou de que Hélton teria deixado o Onix na estrada de terra e embarcado em outro carro.
A chave não foi localizada, assim como um notebook, o celular e a carteira da vítima. Havia um rastro de calçados de apenas uma pessoa, que saiu do carro e foi caminhado em direção à estrada vicinal asfaltada. A principal suspeita é de que ele tenha sido morto por enforcamento. A investigação começou imediatamente após a constatação do crime. Ontem à tarde, policiais foram até Fernandópolis em buscas de informações que possam levar à autoria do crime.
Hélton
Como repórter do A Cidade, Hélton fez reportagens marcantes nas editorias de política e polícia, principalmente. Ele se formou jornalista na Unifev. Atualmente trabalhava como assessor de comunicação na Santa Casa de Fernandópolis. Antes disso, de 2010 a 2013, trabalhou como repórter no jornal Folha da Região, em Araçatuba. Também atuou por dois anos como redator em um jornal de São José do Rio Preto.
Comoção
Último emprego de Hélton, a Santa Casa de Fernandópolis divulgou, por meio de sua conta em uma rede social, uma homenagem emocionante ao jornalista. “Hoje acordamos, nos preparamos para o trabalho, iniciamos nossas atividades e, por mais estranho que pareça, a família não estava completa. Diferente de todas as manhãs, você não estava lá. O aperto no coração soava como um presságio do que havia acontecido. E, enfim, te encontramos. Choramos de desespero e dor, numa angústia frente a impossibilidade de fugir da situação, de sumir daquele lugar. Não há mais nenhum lugar, passou-se todo o tempo, mudou-se o mundo”.
Já o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, por meio da Regional de Rio Preto, também lamentou a morte do jornalista, em Valentim Gentil. “O Sindicato se solidariza com os familiares neste momento de luto e informa que determinou ao diretor de Base de Votuporanga o acompanhamento da investigação policial do crime”.
Nota de falecimento
Helton deixou os pais Maria de Lourdes e Antonio, a irmã Hélen e a sobrinha Eloyza. Era natural de Padranópolis e residia atualmente com a família na respectiva cidade. O corpo está sendo velado por familiares e amigos no Velório Municipal de Pedranópolis e será enterrado ainda nesta manhã, no Cemitério Municipal de Pedranópolis.