A morte da funcionária pública comprava que o trânsito mata mais que a criminalidade
Alex Pelicer
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A funcionária pública Rita de Cassia Oliveira Fernandes Bonfim, 47 anos, não resistiu aos ferimentos do grave acidente sofrido na tarde do último domingo, e morreu na noite desta quarta-feira, por volta das 20h20, no Hospital de Base em Rio Preto.
‘Ritinha’, como era popularmente conhecida, foi a 17ª vítima fatal de acidentes de trânsito em Votuporanga, desde o início do ano.
Amigos, familiares e lideranças políticas compareceram ao velório municipal para dar o último adeus à ‘Ritinha’. Vários funcionários públicos traziam no peito, uma faixa preta em luto pela morte da amiga de trabalho.
Para amiga Ana Carolina Monteiro dos Santos, Ritinha tinha uma presença marcante. “Ela era uma pessoa iluminada e muito feliz. Mudava completamente o ambiente de todos quando chegava. Deus a quis mais próximo Dele. Pessoas de bom coração partem antes”, disse.
“Uma pessoa muito querida e extrovertida por todos”, relembra o vereador Douglas Lisboa.
“Uma grande perda, todos na Prefeitura gostavam muito dela, uma pessoa companheira e, o mais triste, é uma pessoa tão nova perder a vida de forma estúpida”, lamentou o prefeito Juninho Marão.
Acidente
De acordo com informações da Polícia Militar, pouco depois das 14h40, a comerciante J.R.O.F, 42 anos, seguia pela rua Paraíba em seu veículo, um VW Crossfox, quando, no cruzamento com a São Paulo, colidiu contra o VW/Fusca, da funcionária pública que, por motivos não esclarecidos, teria avançado o sinal vermelho, segundo relato de testemunhas.
Com o forte impacto, Ritinha foi arremessada para fora de seu veículo. A vítima foi socorrida pela viatura USA (Unidade de Suporte Avançado) do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) desacordada, em estado grave até a Santa Casa de Votuporanga.
Em decorrência da gravidade de seu quadro clínico, Ritinha foi encaminhada para o Hospital de Base de São José do Rio Preto, onde permaneceu internada até o dia de sua morte.
Nota de falecimento
Rita de Cássia Oliveira Fernandes Bonfim, 47 anos. Deixou o marido Rosinaldo Fernandes Bonfim. Natural de Votuporanga, sempre residiu na cidade, tendo como último endereço a avenida Fortunato Targino Granja, no bairro San Remo. Era católica e frequentava a Igreja Santa Luzia. O corpo foi velado por familiares e amigos no Velório Municipal de Votuporanga e enterrado ontem no Cemitério Municipal de Votuporanga.
Estatísticas
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, desde janeiro a agosto, foram registradas 14 ocorrências de homicídio culposo por acidente de trânsito, ou seja, quando não houve a intenção de matar.
Somando os três acidentes fatais registrados em Votuporanga no mês de setembro, o número de mortes salta para 17.
Um levantamento feito com base nas matérias públicas pelo jornal A Cidade no decorrer do ano aponta que na maioria dos acidentes, as vítimas fatais são homens, com idades entre 19 a 47 anos.
A morte do jovem Raphael dos Santos Gelio, 24 anos, é uma das que ainda não foram contabilizados pela SSP. O acidente que vitimou o rapaz aconteceu no dia 11 de setembro. Ele seguia em sua motocicleta pela rodovia Euclides da Cunha, quando, por motivos não esclarecidos, colidiu com a traseira de um caminhão.
Não houve tempo para socorro médico, e todos os sonhos e planos de vidas do jovem ficaram no km 513 daquela via. Enquanto a criminalidade fez sete vítimas em noves meses, o trânsito vitimou 17 pessoas.
1º Homicídio Doloso
No dia 14 de setembro, o vendedor R.F.L.G., de 20 anos, conduzia uma Land Rover Evoque Dynamic pela rua Javari, no sentido Vila Marin à rua Amazonas.
Em certo momento, por motivos ainda não esclarecidos, no cruzamento com a rua Ivaí, o jovem teria avançado o sinal de “Pare”, colidindo violentamente contra o Corcel.
Com o forte impacto, o Corcel foi arremessado sobre a calçada e foi prensado pela caminhonete contra a parede de uma residência. O condutor do Corcel, S.F.S., de 51 anos, conseguiu sair do automóvel por meios próprios, já sua esposa, a dona de casa Maria Sueli Zerloti dos Santos, de 49 anos, e a terceira ocupante do automóvel, V.C.S., de 20 anos, ficaram presas nas ferragens. O Corpo de Bombeiros foi acionado e as vítimas socorridas.
Maria Sueli foi atendida às pressas pela USA (Unidade do Suporte Avançado) do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) até a Santa Casa de Votuporanga, com parada cardiorrespiratória. Os paramédicos realizaram manobras para socorrer a vítima. A paciente deu entrada no hospital às 19h57, sendo encaminhada diretamente para UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Conforme a assessoria de imprensa do hospital, Maria não resistiu aos ferimentos e faleceu às 21h50. O corpo foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal), onde passou por exames necroscópicos.
Após pedido do Ministério Público, a juíza Carolina Marchiori Bueno Cocenzo, determinou a prisão preventiva de R.F.L.G. Ele permanece preso na cadeia pública local.
A acusação alega que o motorista dirigia embriagado e aguarda os resultados dos exames clínicos feitos no dia do acidente. O motorista poderá ser indiciado por homicídio doloso (quando assume intenção de matar) por acidente trânsito