Neste ano, somente a Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) fez 44 flagrantes próximos às instituições, uma média de uma prisão a cada cinco dias
Alex Pelicer
alex@acidadevotuporanga.com.br
A apreensão de entorpecentes nas
proximidades das escolas é um crime que vem aumentando em Votuporanga nos
últimos meses. De janeiro a agosto foram 44 flagrantes feitos somente pela Dise
(Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) nas proximidades dos
estabelecimentos de ensino. Uma média de um flagrante a cada cinco dias.
De acordo com o delegado do setor
de entorpecentes da Polícia Civil, Antônio Marques do Nascimento, traficantes
vem agindo nas proximidades dos colégios para não levantar suspeitas.
“Se o traficante fica próximo a
um barzinho ou uma lan house, logo chama atenção e é detido. Diferente de um
colégio, onde os traficantes conseguem se misturar com os alunos sem chamar
muito atenção”, diz o delegado.
A Dise realizou três apreensões de
entorpecentes escondidos em colégios da região norte. “Não localizamos os
responsáveis pela droga. O entorpecente foi encontrado após denúncias e
recolhido”.
Em Votuporanga, segundo o
delegado, a cocaína lidera no número de apreensões, seguida do crack. “Sempre
encontramos pinos de cocaína nos flagrantes que fazemos. Logo depois, vem o
crack, que é nada mais do que sobras do refino da cocaína misturada com outras
substâncias. E em terceiro lugar vem a maconha”, afirma Marques.
“De um tempo pra cá, estamos
fazendo apreensões de entorpecentes em poucas quantidades. Prisão grande há
algum tempo não fazemos. Mas várias investigações estão em andamento e existe
possibilidade de apreensões significantes”, conclui o delegado.
Emprego de menores
O crescente envolvimento com o
tráfico de drogas é um dos fatores que provocaram um aumento expressivo no
número de apreensões de crianças e adolescentes. O delegado Antônio Marques
explica que o emprego de menores é uma estratégia para livrar o traficante de
qualquer responsabilidade penal.
“Eles empregam adolescentes e até
mesmo crianças, geralmente no transporte da droga. Quando acontece o flagrante,
o menor logo assume a autoria da droga, pois sabem que a consequência penal
para eles é mais branda. Quando são condenados, ficam detidos por poucos dias.
E os traficantes se isentam de qualquer responsabilidade penal”.
Como penas brandas, após serem
liberados, os menores voltam ao tráfico. “Ele ficam no máximo 40 dias na
Fundação Casa – antiga FEBEM. Normalmente, ou são pagos com favores ou
trabalham em troca de entorpecentes. É um ciclo vicioso em decorrência das
nossas leis”, lamenta o delegado.