Aline Nunes é especialista em enganar pessoas com o conto e já aplicou o golpe em todo o estado
Da Redação
Uma mulher jovem, loira, bem aparentada e de muita lábia é considerada pela Polícia Civil de Sorocaba como a rainha do golpe do bilhete de loteria premiado. A especialidade de Aline Nunes, 23 anos, também conhecida como Carla, é enganar os mais ambiciosos. Seu endereço, possivelmente falso, é de Indaiatuba, cidade distante 50 quilômetros de Sorocaba.
Segundo o delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Sorocaba, José Urban Filho, ainda não é possível identificar todos os passos de Aline, mas já há pistas de sua passagem por Sorocaba, Tanabi e Rio Preto. Nesta última cidade ela chegou a ser presa em 8 de junho de 2010 e permaneceu detida por um mês. Agora ela está foragida e foi indiciada por estelionato.
De volta às ruas, há indícios de sua participação em um golpe em 11 de março deste ano em Sorocaba. A vítima foi uma idosa de 83 anos. “A mulher que sofreu o prejuízo descreveu a atuação da moça de forma muito lúcida”, diz o delegado.
A idosa foi abordada por um homem, parceiro da golpista, que segurava um bilhete supostamente premiado com R$ 200 milhões. Simulando não saber o que fazer para resgatar o dinheiro, ele pedia ajuda. Neste momento, relatou a idosa, surgiu a mulher com a descrição de Aline, apresentando-se como assistente social e oferecendo auxílio. Convencida das boas intenções, a idosa resolveu ajudar a resgatar o prêmio com a promessa de receber R$ 40 mil por sua bondade. Para poder ficar temporariamente com o bilhete, a idosa deu aos golpistas R$ 1,8 mil como garantia. De posse do dinheiro, a dupla jamais retornou. O bilhete pertencia a um concurso já sorteado.
O delegado não tem dúvidas da participação de Aline. Segundo ele, a partir de agora é importante que outras pessoas que sofreram o golpe possam identificá-la. Sua foto foi obtida após a prisão em Rio Preto. As características do crime são sempre as mesmas, inclusive com a participação de outras pessoas que acabam atestando a veracidade da premiação.
Segundo o delegado José Urban Filho, muitas das vítimas do golpe do bilhete premiado acabam nem procurando as autoridades por constrangimento: “A pessoa lesada sente vergonha por achar que foi feita de boba. Esses casos não notificados favorecem os golpistas”.
O conto mais comum
Uma mulher tida como a “rainha” do golpe do bilhete premiado, segundo a psicóloga Sabrina Maciel, sabe bem escolher as vítimas e o modo de abordá-las. “E o pior. Ela não tem compaixão alguma pelas pessoas em quem aplicava o golpe”, afirma. “O desejo de conseguir dinheiro, de se manter através do golpe, é bem mais forte do que qualquer sentimento de pena ou culpa”, analisa a profissional.
Sabrina ainda ressalta que golpistas como Aline Nunes, no geral, são incapazes de
filtrar, aprender ou assimilar uma punição. “Mesmo com passagens pela polícia, ela não é capaz de encontrar uma saída do círculo vicioso que entrou sem a ajuda de um profissional”, explica a especialista.
O sucesso contínuo obtido em cada golpe leva pessoas como a golpista Aline a deixar de procurar por empregos com horários e salário fixos. “Essa moça claramente se enquadra no perfil de golpista que gasta tudo o que consegue em joias e outros bem materiais que lhe satisfaçam o ego. Em um emprego comum ela não teria essa mesma oportunidade de satisfação”, comenta.
Votuporanga
Em Votuporanga, os golpes dessa modalidade também costumam ocorrer com certa frequência. No último deles, que ocorreu no dia 8 de julho, um aposentado de 80 anos foi ludibriado por uma dupla de estelionatários, que lhe ofereceram parte de um prêmio de R$ 900 mil, em troca de uma garantia. O senhor entregou R$ 2,6 mil aos larápios que o despistaram, sem deixar rastro.