Da Redação
Nos últimos cinco anos, 15.263 mulheres foram presas no Brasil. A acusação contra 9.989 delas (65%) foi de tráfico de drogas. Esses dados foram apresentados, nesta quarta-feira (29/6), pela socióloga Julita Lemgruber, durante o Encontro Nacional do Encarceramento Feminino, que o Conselho Nacional de Justiça realizou em Brasília.
Os números atingem também a região, onde no último domingo uma bancária da
cidade e o marido foram presos acusados por tráfico internacional de entorpecente. A socióloga, ao afirmar que essas mulheres atuam como pequenas traficantes – geralmente apoiando os companheiros – defendeu a adoção de penas alternativas à de prisão para que elas possam retomar a vida e, principalmente, criar os seus filhos.
“Essas mulheres desempenham um papel secundário no tráfico; muitas vezes são
flagradas levando drogas para os companheiros nos presídios. Elas não representam maiores perigos para a sociedade e poderiam ser incluídas em políticas de reinserção social”, disse Lemgruber, que foi a primeira mulher a chefiar a administração do sistema carcerário do estado do Rio de Janeiro.
“Além disso, quando o homem é preso, os filhos ficam com suas mulheres. Mas
quando a mulher é presa, geralmente o companheiro não fica com os filhos, que
acabam sendo punidos e passam a ter na mãe um referencial negativo. Essa é uma
situação que tem tudo para reproduzir a criminalidade, já que essas crianças poderão seguir o mesmo caminho que os pais”, analisou a socióloga.
Ela alertou para o fato de o percentual de mulheres presas estar crescendo numa
velocidade superior ao que ocorre com os homens. “Esse é um fenômeno mundial.
Historicamente as mulheres representavam entre três e cinco por cento da população carcerária mundial. Nos últimos anos esse percentual chegou a 10%”, disse, acrescentando que esse aumento tem agravado os problemas das mulheres no cárcere.
O conselheiro Walter Nunes da Silva Júnior, do CNJ, afirmou que o Brasil desconhece a realidade das mulheres que estão presas no País. “A questão carcerária, de um modo geral e, em particular, a relacionada às mulheres privadas de liberdade, só passou a ser discutida pela sociedade em função dos mutirões carcerários realizados pelo CNJ”, disse o conselheiro, referindo-se às inspeções feitas, desde 2008, em unidades prisionais de todo o País para o diagnóstico das condições de encarceramento e a recomendação de melhorias que permitam a reinserção social dos detentos.
“Hoje nós temos cerca de duzentas crianças vivendo em presídios. Isso é muito
grave”, declarou o conselheiro.Walter Nunes observou que, “lamentavelmente”, o
aumento da participação das mulheres na criminalidade se deve, entre outros fatores, à sua emancipação econômica.
Bancária
No último domingo, a bancária Andréia Quiaroti, 21 anos, foi presa com o companheiro, o comerciante Jonas Quiaroti, 25, por policiais da Delegacia de
Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Votuporanga acusados de tráfico. No carro deles a polícia encontrou 6,2 quilos de cocaína e crack.
Este crime mostra que o envolvimento feminino com a criminalidade também ocorre na nossa região. As drogas, cerca de nove tijolos de crack e quatro de cocaína, foram localizados no automóvel dos suspeitos, escondidas na câmara de ar dos pneus de um automóvel.
A operação da Dise ocorreu após denuncias anônimas. Após serem investigados, foi constatado que ele era um dos traficantes que mais abasteciam pequenos pontos de tráfico em Votuporanga e que ela o auxiliava no tráfico. A prisão dos dois ocorreu após em Piacatu, região de Presidente Prudente quando retornavam com drogas adquiridas no Paraguai.
Na residência do casal foi apreendida uma balança de precisão. Andreia e Jonas foram autuados em flagrante delito por tráfico e associação para o tráfico de drogas (artigos 33 caput, 35 caput, artigo 40 I da Lei 11343/06). Ele foi recolhido na Cadeia local, de onde será encaminhado ao Centro de Detenção Provisória de São José do Rio Preto. Já a bancária foi recolhida na Cadeia Feminina de Indiaporã. (J.G.)