Ele foi brutalmente agredido na saída de um show em Votuporanga e convive com sequelas
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Uma pessoa que crê em Deus e com paz no coração. É assim que está o jovem Tonny Pires Custódio, onze meses após a noite em que foi covardemente espancado e quase morto, na saída de uma casa de shows da cidade. No último sábado, Tonny esteve no estúdio da Rádio Cidade, onde participou do programa "Cento e vinte minutos com Jesus". Ele falou sobre a sua recuperação, as seqüelas com que ainda convive e também sobre o sentimento que tem sobre os agressores que lhe mudaram o destino.
O jovem foi o convidado especial do programa, comandado por integrantes da RCC (Renovação Carismática Católica), que vai ao ar às tardes de sábado pela emissora. Lúcido e com um sorriso no rosto, o jovem respondeu questões dos ouvintes e também dos apresentadores.
Tonny agradeceu ao amigos que rezaram pela recuperação dele quando permaneceu internado na Uti (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa, mesmo quando os médicos afirmaram que lhe restava 2% de sair de lá com vida. "Eu acordei para a vida!", exclamou.
Completamente espontâneo nas respostas, Tonny diz acreditar que o que lhe aconteceu de ruim não importa muito, mas que hoje, após todo o sofrimento, ele está feliz, em paz e com uma fé inabalável em Deus.
"Quando eu estava internado, não sabia ao certo o que havia acontecido comigo e
ficava me perguntando a razão de tanto sofrimento. Me agrediram sim, mas depois
disso eu percebi que Deus está no sofrimento, pois é lá que precisam dele. As pessoas me falam que hoje sou uma pessoa diferente e eu confirmo que sim. Não fiquei menos pobre ou mais rico, mas hoje eu estou muito mais feliz", disse sorrindo.
Agressões
Tonny disse que ainda não se recorda de detalhes da noite em que foi espancado. Ele confirmou o que disse no tribunal, no julgamento do primeiro acusado de ter cometido as agressões, em novembro, quando afirmou que a primeira lembrança que tem é de ter acordado em uma cama de hospital, acreditando ter sido vítima de um acidente automobilístico, devido à seriedade das lesões que sofreu.
"Quando meu pai foi me visitar pela primeira vez ele, não falou o que havia acontecido comigo. Eu só vim saber oito dias depois, quando sai da Santa Casa. Fui agredido por mais de oito pessoas, não apenas uma, duas ou três. Se fosse só teriam rasgado a minha camiseta e me deixado de cara roxa", afirmou, em tom de
brincadeira.
Perdão
Questionado pelos apresentadores sobre como hoje, pouco mais de onze meses após o ocorrido, ele encara a atitude dos agressores, Tonny preferiu deixar a decisão com a justiça. "Eu não julgo eles. Tenho dó pela vida deles, porque o primeiro (Jhonatan Junio dos Santos), que foi condenado a 12 anos e oito meses de prisão, teve sérios problemas familiares. Eu sinto uma pena imensa destas pessoas. No dia anterior ao julgamento meus amigos me perguntavam se eu os perdoava aqueles que me bateram. Eu dizia que não. Mas quando o juiz me fez esta pergunta no tribunal, eu falei que sim. Senti que não adianta manter coisas ruins no peito e consegui perdoar", afirmou Tonny.
Uma ouvinte ligou no telefone da rádio e quis saber em quais condições Tonny vive
hoje em dia, se pode trabalhar e se ainda sente dores ou seqüelas. O jovem respondeu que o lado direito do corpo dele está "adormecido" e que não lhe resta saída senão se aposentar. Ele também confirmou o que havia dito anteriormente, que é totalmente a favor à proibição das festas na modalidade "open bar".
No final do programa, Tonny passou uma mensagem de fé e de superação aos ouvintes, que ilustra bem o caminho passado por ele desde a noite que foi agredido, em de 3 de abril de 2010, até hoje. Segundo o jovem, "quando se anda por um matagal à noite, vem a nevoa e nos cega, nos deixa perdidos. A gente quer correr, mas não sabe para onde. Esta é a hora de pedir para Deus para que essa nevoa se desfaça. Pode demorar, mais uma hora, ela vai embora".
Caso
No dia 7 de agosto do ano passado, o juiz da Vara da Infância e Juventude da
Comarca de Votuporanga, José Manuel Ferreira Filho, assinou a pronúncia para que todos os acusados de cometer as agressões contra Tonny fossem a júri popular, sem poder responder ao processo em liberdade.
O único dos seis acusados que não recorreu da decisão, Jhonatan Junio dos Santos, foi julgado e condenado a 12 anos e oito meses de prisão, sem direito a apelar em liberdade, no dia 26 de novembro. Os outros quatro indivíduos que permanecem presos, aguardam nova determinação da Justiça.
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