Artifício explodiu na quadra e atingiu adolescente da sétima série; foi terceira ocorrência policial
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Alunos de uma escola estadual de Votuporanga, localizada na Vila Guerche, estão recebendo com uma frequência exagerada a presença da Polícia Militar, devido a constantes atos de violência. Na segunda-feira, um indivíduo não identificado atirou uma bomba na quadrada instituição, onde alunos praticavam aula de educação física. A explosão causou ferimentos a uma aluna de 13 anos.
De acordo com informações registradas no boletim de ocorrência, o incidente ocorreu por volta das 11h30. A diretora da escola, E.A.O., de 47 anos contou aos policiais que alguém que passava por uma rua paralela a escola, arremessou um artefato de fogo de artifício, de fabricação caseira, que caiu sobre o piso da quadra poli-esportiva e explodiu.
A detonação do artefato acabou atingindo a perna direita de A.B., de 13 anos de idade, aluna da sétima série do período matutino. A vítima sofreu lesões corporais e foi orientada a submeter-se a exame de corpo delito no Instituto Médico Legal da cidade. A carcaça da bomba foi apreendida e encaminhada ao Instituto de Criminalística para exame pericial.
Em menos de cinco dias, foi a terceira ocorrência registrada no Primeiro Distrito Policial de Votuporanga envolvendo violência naquela escola. Na última quinta-feira, uma adolescente de 13 anos sofreu lesões corporais no pescoço após ser atingida com um golpe de estilete. A agressão partiu de outro menor de idade e teria ocorrido durante uma briga.
De acordo com informações o boletim de ocorrência registrado pelo pai da vítima, o mecânico H.A.P., de 38 anos, a filha A.M.P., teria sido agredida por outro aluno, J.H.S.P., da sétima série, através de um estilete utilizado para apontar lápis. Apesar do perigo, de acordo com a assessoria de comunicação da Santa Casa de Votuporanga, não há registro de atendimento médico em nome da vítima.
Na sexta-feira, um adolescente, também com 13 anos foi flagrado portando uma faca na saída da escola. C.V.G.S. foi surpreendido pela Ronda Escolar, que durante patrulhamento nas proximidades do portão de entrada de estudantes, presenciou quando o jovem jogou o objeto no chão.
A PM abordou o menor de idade e constatou que se tratava de uma faca, sem marca aparente, medindo 7,5 centímetros de lâmina e 5,5 centímetros de cabo. C.V.G.S. foi levado à delegacia, onde alegou que portava o objeto cortante, mas que era de propriedade de um amigo, cujo nome não foi divulgado. O adolescente foi liberado após a mãe ter se compromissado a apresentá-lo na Vara da Infância e Juventude da Comarca local, em fevereiro.
Denúncia
Em outubro deste ano, a redação do Jornal A Cidade recebeu a ligação de uma mulher, que preferiu não se identificar, alegando ser mãe de um aluno da escola e se mostrou extremamente preocupada com a segurança dos alunos. Segundo ela, o filho relatou os constantes atos de indiscisplina e violência, ocorridos principalmente por menores de idade que estão em L.A. (Liberdade Assistida).
A mãe questionou sobre a possibilidade de se implantar em Votuporanga medidas semelhantes as tomadas no município de Fernandópolis, cujo Juiz da Vara da Infância e Juventude direcionou que os pais de uma adolescente de 14 anos acompanhassem a jovem dentro da sala de aula, em uma atitude extrema de evitar que ela se evadisse da escola para consumir bebidas alcoólicas.
Segundo ela, "não adianta forçar os adolescentes infratores a frequentarem a sala de aula se eles vão apenas para tumultuar, desrespeitar professores e ameaçar fisicamente os outros alunos". A mãe relatou ainda que são comuns casos de brigas envolvendo estiletes e explosões com bombas caseiras nos banheiros.
Na época, a reportagem procurou a direção da escola, que não tinha autorização para se manifestar sobre o assunto e também o dirigente regional de ensino Edelcio Roosevelt Martins, que de acordo com a secretária, estava viajando. Quem se pronunciou sobre a denúncia e sobre a Liberdade Assistida foi o conselheiro tutelar Walter José dos Santos.
Santos explicou que é dever da escola pública não fazer distinção ou segregação de alunos, mesmo os que cometeram alguma infração, porque todos têm direito a ter acesso à educação pelo Estado. Segundo ele, a L.A. é uma medida sócio-educativa aplicada a adolescentes e jovens que cometeram um delito ou ato infracional e que responderão ao processo em liberdade.
Sobre a denúncia da mãe, o tutelar diz que é muito grave afirmar que todos os atos de violência são de responsabilidade dos adolescentes em liberdade assistida. "É preconceito contra estes jovens se afirmar que por terem cometido alguma infração, não podem se misturar com os outros jovens", afirmou Walter Santos.
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